Empresa brasileira de cosméticos deixa de usar termo Black Friday por conotação racista

Há controvérsias sobre a origem do termo, mas na dúvida o melhor é não usar mesmo

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A empresa brasileira de cosméticos O Boticário anunciou na última terça-feira (29) que não chamará mais de “Black Friday” o período de descontos e promoções que acontece no final de novembro.

A companhia avisou que não vai mais usar o termo por sua possível conotação racista.

O presidente da companhia, Artur Grynbaum, escreveu em seu perfil no LinkedIn: “Há anos conversamos sobre a possível origem do termo ‘Black Friday’, sobre a ausência de dados científicos que comprovem que ele realmente não se relaciona à questão da escravatura. Então, respeitando os movimentos que sentem desconforto com o termo, decidimos parar de refletir e começar a agir – não teremos mais o termo Black Friday no Grupo Boticário”.

Há controvérsias, no entanto, sobre a origem do termo. “Black Friday” significa sexta-feira preta em português. A expressão apelida o dia seguinte ao feriado de Ação de Graças (comemorado na última quinta-feira de novembro), nos Estados Unidos, que marca a retomada do comércio após a folga.

O Brasil adotou a estratégia de vendas americana. “Porém, quando importamos o termo, nós tiramos ele de contexto”, explica Guilherme Gobato, fundador da consultoria em diversidade e inclusão Diálogos Entre Nós. “Em inglês, existe a expressão ‘to be in black’, que corresponde ao que chamamos de ‘ficar no azul’, ou ‘sair do vermelho’, um balanço positivo do mercado.”

“No Brasil, onde o racismo reverbera no nosso vocabulário, usamos as palavras ‘preto’ e ‘negro’ para desqualificar alguma coisa. Então quando falamos de Black Friday no Brasil, chamamos de ‘preto’ o dia em que produtos são vendidos a um preço menor, inferior”, diz o executivo.

Na dúvida, melhor não usar mesmo.

Com informações do 6 minutos