Estudante é vítima de racismo em escola particular da Zona Sul do Rio de Janeiro

A família registrou o caso na Polícia Civil. Artistas se solidarizaram, entre eles a cantora Iza e a atriz Taís Araújo

Foto: Redes Sociais
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Em mensagens trocadas por meio de um aplicativo, a estudante Ndeye Fatou Ndiaye, que estuda no Colégio Franco-Brasileiro, que é particular, foi xingada e humilhada por ser negra. A família registrou o caso na Polícia Civil. As mensagens eram extremamente racistas. Veja alguns exemplos abaixo:

“Para comprar um negro, só com outro negro mesmo”, diz uma delas.

“Quando mais preto, mais preju”, afirma outro aluno.

“Dou dois índios por um africano”, diz outra mensagem.

“Um negro vale uma bala”, continua outro.

Algumas mensagens ofendem Ndeye diretamente.

“Fede a chorume”, diz um.

E outro segue: “Escravo não pode. Ela não é gente”.

De acordo com Fatou, "o meu colégio é de excelência, um dos melhores do Rio de Janeiro. A gente vê que, mesmo com pessoas que têm todos os acessos à educação, à informação, continua se propagando coisas extremamente racistas. É uma forma de mostrarmos que o racismo está em todos os lugares e a gente vai combater não só judicialmente, mas com conhecimento", destacou Fatou.

Mamour Sop Ndiaye, o pai de Fatou, também se manifestou: "Tudo é a questão racial. Porque a pessoa que atira o gatilho, que faz tudo isso, na realidade, faz isso por causa do sistema. O problema não é o CPF, mas o próprio sistema. Eu desconheço algum negro brasileiro que não tenha sofrido racismo".

O coordenador pedagógico da escola, Luciano Moraes, divulgou um vídeo criticando a postura do grupo de alunos e dizendo que providências serão tomadas.

"O Colégio Franco-Brasileiro repudia qualquer tipo de atitude racista ou discriminatória. Nos 105 anos de história da nossa instituição, preservamos vários valores que são caros para nós. Entre eles, o da igualdade racial. Assim que soubemos do conteúdo de uma conversa de algumas pessoas no âmbito privado que inclui alunos do Franco-Brasileiro, nós imediatamente agimos. Enviamos um ofício para o Conselho Tutelar, que é o órgão competente para fazer a averiguação, e cobrar explicações de cada um dos envolvidos. Queremos expressar a nossa solidariedade às pessoas que foram atingidas", destacou Luciano Moraes.

O Colégio Franco-Brasileiro também postou uma nota de repúdio onde afirma que a instituição está profundamente indignada com o ocorrido e condena toda forma de racismo. A escola ainda afirma que a direção está analisando os fatos para que todas as providências sejam tomadas.

O caso foi parar nas redes e Fatou ganhou vários apoios, entre eles da cantora Iza, que disse: “Como você é maravilhosa! Linda demais. Nunca deixe que nenhuma pessoa, por mais idiota e baixa que ela seja, diminuir a sua força e seu brilho".

A estudante agradeceu mensagem de apoio da atriz Taís Araújo, que respondeu: "Não precisa agradecer. É meu dever enquanto mulher negra, mãe de uma menina negra e cidadã que trabalha para que o mundo seja bom para todos".

Com informações do G1