Funcionários reclamam de calote em recuperação judicial da Editora Abril

Funcionários da Editora Abril dizem que a empresa pediu recuperação judicial um dia antes do vencimento do prazo de pagamento dos encargos trabalhistas - ideia era não pagar os direitos dos funcionários, diz ex-editora no Facebook

Editora Abril. Foto: Divulgação
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Em post no Facebook, a ex editora-chefe da Revista Nova Cosmopolitan, a mais importante das revistas do segmento feminino da Editora Abril, Cristina Naumovs, denuncia a situação trabalhista a que os ex-funcionários da empresa estão submetidos após a divulgação do pedido de recuperação judicial da editora paulistana. De acordo com Cristina, "em 15 de agosto, nove dias após o início das demissões, a Abril entrou com pedido de recuperação judicial incluindo nesse processo todas as verbas rescisórias dos dispensados e também a multa de 40% sobre o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Ou seja, um dia antes do prazo final para indenizar integralmente os ex- funcionários, a empresa realizou a manobra, fazendo crer que as duas ações (demissão em massa e pedido de recuperação judicial) foram arquitetadas em conjunto, tendo como um dos seus objetivos não pagar os empregados". "Foram demitidos em torno de 800 profissionais. Ao todo, 11 títulos foram encerrados. Na vida particular dos empregados da Abril, as medidas têm sido devastadoras. A empresa desligou de forma injusta, sem negociação com as entidades de representação trabalhista e sem prestar esclarecimentos oficiais", acrescenta a jornalista. Cristina acredita que parte da crise, sabe-se, é global e impactou a imprensa do mundo inteiro. Porém, "outra parte deve-se ao fato de a Abril ter perdido o contato com a pluralidade de opiniões e se afastado da diversidade que caracteriza a população brasileira. Uma gestão sem interesse no editorial sucateou as redações, não soube investir em produtos digitais e comprometeu a qualidade de suas publicações sob o pretexto de “cortar custos”. Além disso, deu ouvidos apenas a executivos e consultorias, sem levar em consideração os profissionais da reportagem e o público", diz ela no fecho da carta.