Grupo faz “ebó coletivo” em frente a navio cuja organização cristã disse que Salvador “crê em demônios”

O ato, batizado de “O demônio quem traz são vocês! A Bahia é de todos os Santos, encantos e Orisás!”, acontece em repúdio à afirmação de que a capital baiana é "uma cidade conhecida pela crença das pessoas em espíritos e demônios"

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O grupo de defesa das religiões de matriz africana, Frente Nacional Makota Valdina, fará um “ebó [oferenda] coletivo”, na próxima segunda-feira (4), em Salvador (BA). O ato, batizado de “O demônio quem traz são vocês! A Bahia é de todos os Santos, encantos e Orisás!”, vai acontecer no Terminal da França, próximo ao local onde está ancorado o navio Logos Hope, cuja organização afirmou que a capital baiana é "uma cidade conhecida pela crença das pessoas em espíritos e demônios". No manifesto, o grupo afirma que a manifestação será “em repúdio à declaração de racismo religioso cometido pela organização cristã Good Books For All Ships (GBA Ships) e a ONG Operação Mobilização (OM) Brasil do navio Logos Hope”. De acordo com a Frente Nacional Makota Valdin, o navio é “considerado a maior livraria flutuante do mundo”, afirmam. “Ao embarcar para Salvador, no dia 22 de outubro, a organização pediu para os seus seguidores que fizessem uma oração pois a cidade ‘é conhecida pela crença das pessoas em espíritos e demônios’”, diz o manifesto. O evento está programado para acontecer a partir das 10h da manhã até às 19h da noite, no Terminal da França. O documento lembra ainda que “Salvador é a cidade com a maior população negra fora do continente africano e que carrega uma grande herança cultural perceptíveis desde a culinária, a musicalidade, aos atabaques das religiões de matriz africana. Sim, nós cremos em nikices, Voduns, Orisás e Encantados zelamos pelos elementos da natureza, primordiais para nossa existência. Por isso, não aceitaremos cartões de visitas de cunhos racistas e de ódio religioso que violem o nosso direito de cultuar o sagrado, sobretudo, nesta cidade conhecida mundialmente por prezar pela diversidade étnico racial e religiosa”.