Grupo protesta contra homofobia no CCBB do Rio

O ato, chamado de Lesbianizar o CCBB, foi organizado no Facebook pelo Grupo de Estudos Cênicos da Uerj. Protesto acontece após um casal de lésbicas ter sido vítima de preconceito e intimidação na última sexta-feira (30) no local.

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O ato, chamado de Lesbianizar o CCBB, foi organizado no Facebook pelo Grupo de Estudos Cênicos da Uerj. Protesto acontece após um casal de lésbicas ter sido vítima de preconceito e intimidação na última sexta-feira (30) no local. Da Agência Brasil Com uma “chuva” de balões lilases amarrados a mensagens contra a LGBTfobia, dados estatísticos e citações de matérias jornalísticas, um grupo protestou quarta-feira (4) no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro após um casal de lésbicas ter sido vítima de preconceito e intimidação na última sexta-feira (30) no local. O ato, chamado de Lesbianizar o CCBB, foi organizado no Facebook pelo Grupo de Estudos Cênicos da Uerj, que definiu o protesto como um “evento-coletivo-manada inclusivo” para “ocuparmos o hall do CCBB com nossos corpos, porque foi exatamente assim que surgiu o caso de lesbofobia, apenas com a presença das duas pessoas no espaço”. Nehum representante do grupo se manifestou durante o ato. Sócias de uma empresa de fotografia especializada em famílias e casamentos fora do padrão, Renata Ferrer e Tata Barreto participaram do protesto, mas sentiram falta de mais clareza por parte da organização. Segundo Renata, o ativismo exige “colocar a cara a tapa”. Ativistas protestam contra a lesbofobia no CCBB do Rio de Janeiro “A gente só vai mudar as coisas quando a gente mostrar a cara, dizer 'a gente está aqui e a gente existe e você vai ter que aceitar.' Enquanto aceitar que os outros coloquem a gente dentro do armário, esse armário vai existir. A gente tem que estourar esse armário, não são os outros, não são os héteros que vão bater na porta e falar 'oi, sai daí'. Somos nós que temos que falar que não vamos viver mais lá dentro e não vamos aceitar.” Para Tata, a militância contra a homofobia precisa se unir e sair das redes socais. “As pessoas estão meio espalhadas, não estão muito unidas, eu sinto falta de coesão, sinto falta de alguém chegar aqui e falar 'eu sou da organização do evento, vamos nos encontrar em tal lugar'. Está um pouco disperso, mas está valendo, foi uma supermobilização.” Na falta de um discurso da organização, a ativista Marília Macedo subiu numa pequena jardineira e falou sobre a violência que as pessoas LGBT sofrem cotidianamente. “Não vamos tolerar qualquer tipo de discriminação por conta da orientação sexual ou identidade de gênero, seja verbal ou violenta. Não interessa se foi violência psicológica ou física. A gente vive uma situação muito grave no Brasil hoje, os LGBTs vivem uma vida muito dura, recebemos salários muito ruins, somos os primeiros a serem demitidos, ainda mais agora com a crise econômica. A gente enfrenta violência da polícia, violência da família, porque muitos somos expulsos de casa. E num espaço público como esse, que a gente pode frequentar, não podemos tolerar esse tipo de violência.” CCBB Os balões foram uma iniciativa do próprio CCBB, como forma de acolher o ato contra a lesbofobia e repudiar o ocorrido na sexta-feira. O gerente-geral da instituição, Fábio Cunha, destacou que o CCBB tomou as providências assim que soube do caso. “Na segunda-feira a gente esclareceu o caso, no primeiro dia útil, em 12 horas de trabalho, a gente apurou com as pessoas envolvidas, com quem estava no local, com câmeras, imagens de segurança, e encaminhou para a delegacia para que fosses apuradas as responsabilidades e punidos os responsáveis. Foi feito um registro de ocorrência, denunciado como caso de discriminação, está claro isso pela imagem que o agressor deixou no painel interativo, foi um visitante.” Segundo Cunha, o CCBB é “terminantemente contra qualquer ato de discriminação” e o episódio fará a instituição reforçar o treinamento de funcionários em relação ao acolhimento de visitantes. A costureira aposentada Iony Costa Gouveia foi ao CCBB ver uma exposição e se surpreendeu com o ato. “Fui pega de surpresa, mas com os cartazes eu entendi que era contra a homofobia. Achei legal, porque as pessoas têm direitos iguais, igual eu, que sou cadeirante, também sofro preconceito. Hoje mesmo fui pegar um ônibus e passaram quatro sem parar. É muita maldade, cada um tem que viver do jeito que quer ser e os outros têm que aceitar.” Foto: ABr Quer ler mais textos como esse? Apoie o jornalismo alternativo da Fórum: seja sócio.