Jean Wyllys critica editorial do Estadão sobre o massacre de Jacarezinho: “vergonhoso e imoral”

Texto do jornal diz que que “soa no mínimo apressado falar em ‘execução arbitrária’”; Wyllys rebate: “O Estadão ignora a Constituição Federal para produzir uma peça de desinformação cínica”

Foto: Reprodução/TV Globo
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O ex-deputado federal pelo PSOL, Jean Wyllys, usou as redes sociais para criticar, com veemência, editorial publicado neste sábado (8) no jornal O Estado de S. Paulo.

Entre outras afirmações, o texto diz que “soa no mínimo apressado falar em ‘execução arbitrária’”, o que aconteceu na Chacina do Jacarezinho, onde uma operação policial provocou a morte de 28 pessoas.

Indignado, Wyllys ressalta: “Este editorial é mais que vergonhoso. É imoral. É vil. Num país em que a pena de morte está formalmente abolida há séculos, tentar ‘justificar’ a execução sumária de 25 pessoas por parte das polícias sob o argumento de que elas eram ‘todas criminosas’ é ser cúmplice da matança”.

Em outro tuite, diz: “O Estadão simplesmente ignora a Constituição Federal, o Código Penal e o Código de Processo Penal para produzir uma peça de desinformação cínica que busca não só ‘justificar’ a barbárie, mas sobretudo interpelar a ignorância e os preconceitos da classe média amedrontada e burra”.

Ele prossegue: “O Estadão faz tábula rasa da corrupção e da brutalidade de facções das polícias brasileiras, principalmente das do Rio de Janeiro, para tratá-las como as heroínas que levaram a liberdade a indefesas crianças e adolescentes das favelas por meio da matança”.

“É muito curioso que o Estadão se mostre preocupado com os impactos do mercado de varejo das drogas ilícitas, que recruta pobres sem melhores alternativas na vida, mas nada diga sobre o mercado em atacado e os barões desse negócio fora das favelas”, cobra.

Wyllys relembrou um caso ainda sem conclusão ocorrido no governo de Jair Bolsonaro: “Um avião da comitiva do presidente da República (Jair Bolsonaro) foi interceptado na Espanha com 39 quilos de pasta e cocaína. Um sargento da FAB assumiu sozinho a culpa pelo tráfico internacional de drogas via comitiva presidencial. Que disse o Estadão em editorial? Nada”.

Para finalizar, destaca: “Portanto, esse editorial cínico, essa peça de desinformação que O Estadão fez não passa de um atestado de cumplicidade com a execução sumária de delinquentes pobres ao sabor dos interesses políticos do andar de cima. Mais uma safadeza desse jornal”.

https://twitter.com/jeanwyllys_real/status/1391085976257191938
https://twitter.com/jeanwyllys_real/status/1391087755090931712
https://twitter.com/jeanwyllys_real/status/1391089466220158977

Veja trechos do editorial:

"O objetivo da operação policial era cumprir mandados de prisão preventiva de 21 pessoas acusadas de aliciar crianças e adolescentes para o tráfico de drogas, na favela do Jacarezinho, na cidade do Rio de Janeiro.

A polícia do Rio de Janeiro afirmou que, com exceção do policial morto, todas as outras 24 pessoas que perderam a vida na favela do Jacarezinho durante a Operação Exceptis eram criminosas. Também disse que todos os protocolos foram respeitados, inclusive aqueles determinados pelo STF para o período da pandemia.

No entanto, soa no mínimo apressado falar em “execução arbitrária” quando ainda existem tão poucos elementos para uma apreciação do que ocorreu na favela do Jacarezinho na manhã do dia 6 de maio. Pelo teor do ofício do ministro Edson Fachin, a palavra da Polícia do Rio de Janeiro não merece de pronto nenhum crédito, o que traz sérias implicações para o governo do Estado".