Mãe de MC Soffia denuncia marca de roupas por racismo contra a filha: "Lugar trash"

Kamilah Pimentel, mãe e empresária da jovem rapper negra, expôs o áudio de um dos donos da marca Adaz, que desistiu de entregar um moletom à artista pelo fato do prédio em que ela mora, segundo ele, ser "tipo uma favelinha"

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A rapper paulistana MC Soffia, que tem 16 anos, construiu sua carreira com músicas que falam, principalmente, do racismo. Apesar de denunciar o problema social com sua obra artística, a jovem segue vivendo na pele o preconceito pelo fato de ser negra.

No último domingo (29), Kamilah Pimentel, mãe e empresária de Soffia, denunciou uma marca de roupas por racismo contra a filha.

Em um vídeo postado no Instagram, Kamilha expôs o áudio de um dos donos da marca Adaz, com quem a artista tem uma parceria. A empresa daria à Soffia, como permuta, um moletom, e o rapaz da empresa foi até o prédio da jovem, no centro de São Paulo, mas desistiu de entregar a peça de roupa por constatar que o prédio em que mora a rapper é, segundo ele, um "lugar trash" e "tipo uma favelinha".

"Acabei de chegar aqui só que nem vou deixar [o agasalho], tá me cheirando muito entranho. Tá ligado aqueles prédios de BNH? Tipo uma favelinha. Tá meio estranho, então, para não ficar perdendo moletom, estou voltando com ele. Eu ia deixar, por isso gosto de vir, pra ver os lugares. Agora, a MC Soffia, puta lugar trash, no centrão. Nem vou deixar", dispara o empresário no áudio.

Para Kamilah, a atitude do dono da marca de roupas configura racismo. "Falou de uma forma pejorativa, racista e discriminatória. Simplesmente estou cansada", disse a empresária.

Segundo o site Jornal do Rap, MC Soffia chegou, inclusive, a chorar ao ouvir o áudio do empresário.

Após a repercussão do caso, a marca Adaz divulgou uma nota em suas redes sociais em que pede desculpas pela fala de um dos donos, mas nega que a motivação tenha sido racista. "Em momento algum menosprezamos o trabalho dos artistas, pelo contrário a primeira oportunidade que surgiu de associar a nossa marca a eles, dissemos sim sem pensar duas vezes. O fato de entregarmos pessoalmente as peças para os artistas é de se estabelecer pessoalidade e jamais para saber onde a pessoa mora, como foi interpretado por alguns. A crítica estabelecida foi sobre o ambiente em questão, qual gerou a sensação de insegurança a pessoa em questão que iria entregar as peças, e disso não tiramos nossa responsabilidade em cima da discussão. A desigualdade de classes e as percepções em cima delas estão enraizadas em nós como sociedade", diz o texto.

Assista, abaixo, o vídeo em que Kamilah expõe o ocorrido.

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