Mulheres negras protagonizam debate de gênero na Vigília Lula Livre

Ativista Juliana Mittelbach, da Rede de Mulheres Negras e da Marcha Mundial das Mulheres, liderou conversa sobre o histórico da luta antirracista

Escrito en DIREITOS el
[caption id="attachment_137274" align="alignnone" width="780"] Foto: Joka Madruga/Agência PT[/caption] Por Paula Zarth Padilha, do Terra Sem Males A Vigília Lula Livre tem promovido atividades de formação, com rodas de conversa, exibição de filmes, atividades culturais e, especialmente nesta semana, para marcar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, as mulheres negras são protagonistas dos debates da programação que ocorreu nesta quarta-feira (25) e vai acontecer nesta quinta-feira (26), segundo informações do PT.org.br. Na manhã de quarta, a ativista Juliana Mittelbach, da Rede de Mulheres Negras e da Marcha Mundial das Mulheres, também diretora da CUT Paraná, esteve ao lado de Adriana Oliveira, da coordenação estadual do MST Paraná, e de Ana Marta Lima, do Sindicato dos Bancários de São Paulo, para debater o histórico da luta antirracista, do recorte com as mulheres do campo e sobre a situação das mulheres negras na categoria bancária. Juliana contou a história de Tereza de Benguela, mulher negra que liderou seu quilombo, símbolo de resistência invisibilizada pela história oficialmente contada. Ela também situou a realização das atividades deste dia de luta, 25 de julho, no ambiente da Vigília em defesa do ex-presidente Lula, para deixar registrado o reconhecimento aos avanços que o governo popular e progressista que Dilma e Lula tiveram para a pauta das mulheres negras, como as cotas e o engrandecimento social. Adriana Oliveira, do MST, explicou como a questão de gênero tem sido trabalhada nos acampamentos do movimento sem-terra, especialmente nos últimos anos, para que o debate de gênero tenha reflexo na opção dos espaços políticos da organização, ainda que as mulheres sem-terra historicamente tenham sido desprestigiadas no acesso à cultura, por exemplo, por acumularem jornadas triplas da criação dos filhos, responsabilidades domésticas e também como “apoio” na roça aos companheiros e maridos, que podem chegar em casa no fim do dia de dedicarem períodos de lazer ao aprendizado com instrumentos musicais, por exemplo, enquanto a mulher tem naturalizada a responsabilidade com afazeres. Adriana explica que essas mudanças estruturais e de ocupação de espaço estão aos poucos sendo modificados e que, no Paraná, o MST já tem sua coordenação ocupada 50% por homens e 50% por mulheres. A bancária Ana Marta Lima, dirigente do Sindicato de São Paulo, iniciou sua fala citando dados sobre a categoria bancária, que possui 21% de trabalhadores negros e apenas 8% de mulheres negras. Ela exemplificou que o trabalhador negro é o primeiro a ser demitido e o último a ser escolhido, que não basta ter formação equivalente, que o não negro será sempre escolhido. Ela reforçou que ampliar a contratação de homens e mulheres negras é bom para a sociedade como um todo. As pessoas negras estão saindo das periferias, saindo do trabalho doméstico, ocupando as universidades e os empregos com visibilidade e destaque e que isso é empoderamento.