Na Argentina, mulher é condenada a um ano de prisão por beijo lésbico em público

Oficialmente, a sentença é por “resistência à prisão”, mas é só conhecer melhor a história para entender que isso não passou de um pretexto. A FALGBT (Federação Argentina LGBT) estuda denunciar o caso em instâncias internacionais de defesa dos direitos humanos

Mariana Gómez e Rocío Girat, recriam o beijo que rendeu a Mariana uma pena de um ano de prisão (Foto: Guadalupe Lombardo)
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Beijar em público pode te levar para a cadeia? Se você é lésbica e vive na Argentina, sim! Ao menos foi o que aconteceu com Mariana Gómez, uma jovem portenha que foi condenada nesta sexta-feira (28) a um ano de prisão pelo beijo que deu em sua esposa, Rocío Girat, em outubro de 2017, quando estavam numa estação de trens de Buenos Aires. Inscreva-se no nosso Canal do YouTube, ative o sininho e passe a assistir ao nosso conteúdo exclusivo Oficialmente, a sentença é por “resistência à prisão”, mas é só conhecer melhor a história para entender que isso não passou de um pretexto: Mariana e Rocío acabavam de entrar na Estação Constitución. Estavam namorando, conversando, esperando o horário do trem. Mariana entrou na estação fumando, tinha o cigarro entre os dedos. Deram um beijo. De repente, dois guardas da estação se aproximaram e falaram a elas para se afastassem, alegando de forma hostil que Mariana teria que apagar o cigarro, porque não era permitido fumar. A jovem não se negou a fazê-lo, mas se justificou dizendo que não havia placas no local dizendo que era proibido fumar, por isso não o fez antes. Aliás, elas tentaram sair da estação, mas um dos guardas a impediu dizendo “você não pode fugir”. Ela tentou se desvencilhar, então o outro guarda a rendeu com uma chave de braço e pediu apoio policial, diante dos gritos desesperados de sua esposa. Mariana evidentemente tentou resistir, porque não entendia porque estava sendo presa, já que mesmo a lei de proibição do cigarro não prevê pena de prisão e sim de multa. A defesa da jovem alega que não há dúvidas de que a reação desproporcional dos guardas foi uma atitude lesbofóbica, gerada pela intolerância deles ao beijo entre as duas, já que, mesmo que tivessem razão em acusá-la por uma infração leve, não havia porque usar a força ou dar voz de prisão. Aliás, o próprio processo não girou em torno da infração com o cigarro, e sim pela suposta "resistência à prisão" de Mariana. “Não é possível, os pedófilos deveriam ser presos, os feminicidas deveriam presos, e não a gente”, disse Mariana, entre lágrimas, minutos depois de escutar a sentença da juíza, que deu razão à acusação, embora várias testemunhas do caso tenham afirmado no processo que realmente não havia placar no local avisando da proibição de fumar, confirmando a versão de Mariana. A defesa da jovem já afirmou que vai apelar da sentença. A FALGBT (Federação Argentina LGBT) estuda denunciar o caso em instâncias internacionais de defesa dos direitos humanos. Com informações do Página/12.