Pai-de-santo denuncia racismo religioso em Drogaria São Paulo

"A tentativa de silenciamento de nossos tambores e apagamento de nossa cultura e de subalternização de tudo o que é 'de preto' é cada vez mais ardilosa e obtusa", disse o sacerdote David Dias

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O sacerdote de umbanda David Dias, do terreiro Pai João de Angola, usou as redes sociais nesta quarta-feira (19) para denunciar um caso de intolerância religiosa sofrido por uma de suas filhas-de-santo, Raquel Pascoal, enquanto buscava um medicamento em uma unidade da Drograria São Paulo, na Zona Sul de São Paulo.

"Vestindo roupa branca, com a identificação de nosso terreiro, ao solicitar o medicamento à atendente de nome Beatriz, foi surpreendida com a ofensa: 'Não vou lhe atender por que você é macumbeira e minha religião não permite'", relatou Dias, que comanda o Aruanda Podcast.

Ele conta que Raquel chamou a gerência, mas foi a todo momento confrontada e "ainda foi desestimulada a proceder com a reclamação mediante a justificativa da possibilidade de demissão da funcionária Beatriz".

"A tentativa de silenciamento de nossos tambores e apagamento de nossa cultura e de subalternização de tudo o que é 'de preto' é cada vez mais ardilosa e obtusa. O despreparo das empresas proporciona a retroalimentação deste racismo institucional e simbólico instaurado silenciosamente na base de valores da maioria das empresas", disse ainda.

Dias afirmou também que a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do terreiro irá buscar medidas legais contra a drogaria. O caso ocorreu na unidade localizada na Rua Descampado, 22 - Vila Vera/SP.

Outro lado

A Drogaria São Paulo enviou uma nota para a Fórum na tarde desta quinta-feira (20) alegando que não houve nenhum registro de ato de discriminação religiosa na Ouvidoria. Confira:

"A Drogaria São Paulo repudia qualquer ato de discriminação ou preconceito de qualquer natureza. Tomamos conhecimento pelas redes sociais de um suposto fato ocorrido na loja do Sacomã, em SP. Imediatamente realizamos uma averiguação interna por meio de nosso Canal de Ouvidoria e constatamos que não houve nenhum ato de discriminação religiosa na data e local mencionados. Identificamos um atendimento breve, com poucas interações entre cliente e nossos colaboradores, sem sinais de atrito nem acionamento da gerência para apoio.

Para nós, da Drogaria São Paulo, cuidado e respeito a todos de forma igualitária são valores essenciais e praticados diariamente. Estamos sempre empenhados em oferecer o melhor atendimento aos nossos clientes, de acordo com os valores que acreditamos e praticamos dentro da empresa. Estamos à disposição para prestar os esclarecimentos necessários por meio dos nossos canais de atendimento e assessoria de imprensa".

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