Para acabar com a Cracolândia, ministro de Bolsonaro defende internação à força em massa

Osmar Terra, ministro da Cidadania, atacou os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), considerados modelos de vanguarda no tratamento de viciados. “Este é um discurso de um pessoal que está a favor da liberação das drogas”

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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Medida restritiva de liberdade, a internação involuntária (contra a vontade) de pessoas viciadas em droga é desaconselhada pela maioria dos profissionais que atua na área de saúde mental. No entanto, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, “descobriu” o melhor jeito de acabar com a Cracolândia. Para ele, autor do projeto que altera a Lei de Drogas, considerado um retrocesso por especialistas, o Brasil vive uma “epidemia” de drogas e é preciso “endurecer” as leis que regem o tema. Por isso, ele defende a internação à força. “A gente acrescentou a internação involuntária (na Lei de Drogas). A família pede e um médico avalia e interna essa pessoa, para desintoxicar. A desintoxicação se dá em média em 21 dias. Qual é a vantagem disso? Aquele menino que está na Cracolândia e fuma uma pedra de crack a cada 15 minutos está com uma confusão mental enorme. Ele não tem condições de decidir se vai se tratar, o que vai ser da vida dele. Largou tudo, a família, o trabalho, está só em função da pedra. Esse menino, num estado de confusão mental, se a família dele pedir para internar e o médico achar que ele tem que se internar para a desintoxicação, aí sim. Desintoxicou? Aí acabou a internação involuntária e vai se discutir com ele a necessidade do tratamento”, afirmou Terra, em entrevista para O Globo. O ministro de Bolsonaro vai mais além e quer que seja aplicada internação à força em massa: “Acho que pode ser uma solução, ajudaria a diminuir a população da Cracolândia, que hoje se interna só se quer ou se tiver um processo na Justiça, em que o juiz vai decidir se interna ou não”. Caps Terra ainda atacou os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), considerados referências e modelos de vanguarda no tratamento de viciados. “Este é um discurso de um pessoal que está a favor da liberação das drogas e prega só a redução de danos. Se a pessoa não fizer abstinência, ela não consegue voltar para ter minimamente uma capacidade de trabalho, responsabilidade social, com sua família. É o que acontece aí com esse povo que está nas Cracolândias. Não tem uma cidade que não tenha uma pequena Cracolândia. Estamos vivendo uma situação que tem de alguma forma que ser resolvida”, disse.