Produtora é presa e algemada pelos pés por fazer topless em Vila Velha

“O mais irônico é que ao meu lado na delegacia tinha um homem aguardando sem camisa. Nem dentro de uma delegacia um homem precisa estar vestido”, disse Beatriz Coelho, que é ex de Camila Pitanga

Beatriz Coelho. Foto: Redes Sociais
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A produtora e tradutora Beatriz Coelho foi detida, algemada pelos pés e levada para a 2ª Delegacia Regional de Jaburuna neste sábado (29), por fazer topless na Praia de Itapoã, em Vila Velha (ES). Logo após ser liberada, ela contou nos Stories do Instagram que na delegacia havia um homem sem camisa, pontuando a diferença de tratamento entre mulheres e homens.

“O mais irônico é que ao meu lado na delegacia tinha um homem aguardando sem camisa. Nem dentro de uma delegacia um homem precisa estar vestido”, escreveu ela. Nos stories anteriores, Beatriz postou uma foto de topless com uma tarja cobrindo os seios com a legenda: "O que pode acontecer com uma mulher que faz topless no Brasil?

Beatriz algemada pelos pés. Foto: Redes Sociais

Sem portar máscaras corretamente

Beatriz, que é ex-namorada de Camila Pitanga, contou, em entrevista ao Globo, que “chegaram dois homens sem portar máscara corretamente, alegando que receberam denúncias de moradores da região. Estávamos [ela e uma amiga] há aproximadamente três horas na praia, sem blusa. Os policiais chegaram após as 17h, quando as pessoas estavam indo embora. Solicitamos uma mulher e com ela chegaram mais uns três policiais e duas viaturas. Fomos levadas para a delegacia pelos dois homens que nos abordaram. Antes de entrar no carro perguntei à policial se ela iria com a gente e ela disse que sim, em outro carro, porém isso não aconteceu lidamos o tempo inteiro com homens completamente despreparados”.

As duas passaram mais de duas horas na delegacia, onde Beatriz foi algemada nos pés.

“Afirmaram que era um procedimento padrão (ferindo a súmula vinculante 11 e cometendo um ato ilícito); e que todas as pessoas aguardando naquela sala usam algema. Questionamos pelo fato de não estarmos resistindo e não apresentarmos nenhum risco, ele se irritou e disse que já estava sendo legal com a gente porque só estava algemando os pés e não as mãos e os pés, como deveria fazer”, contou ela.

Homofobia, misoginia e gordofobia

Beatriz disse que o policial, que não se identificou, tirou o celular da sua mão e entregou a uma amiga que aguardava do lado de fora. “O policial começou a gritar diversas ofensas à amiga que estava nos defendendo. Poucos minutos depois nos liberaram sem qualquer registro ou orientação. Nos deram um termo de liberação para assinar. Solicitamos uma cópia e nos foi dito que não iriam dar cópia. Eu pedi para tirar uma foto do termo. A mesma amiga que estava do lado de fora entrou para fotografar e o policial arrancou o papel da mão dela dizendo que ‘se encher o saco não vai fotografar porra nenhuma’, amassando o termo. Eu precisei pedir a ele com muita calma para que me deixasse tirar a foto, já que o termo era o único registro oficial da nossa ida à delegacia. O que passamos ontem não foi motivado apenas por machismo, mas também por homofobia, misoginia e gordofobia, visto que as duas pessoas sem blusa eram corpos lgbtqia+ e a pessoa que estava comigo era um corpo gordo”, afirmou.

Com informações do Globo