PT divulga nota sobre os 56 anos do golpe militar

"Não há o que celebrar nesta data, nem mesmo por aqueles que, na falta de argumentos críveis, apegam-se à falácia de que a ditadura teria evitado o comunismo ou qualquer outro fantasma de sua visão autoritária", diz trecho do texto divulgado pelo partido em razão do 31 de março

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O Partido dos Trabalhadores divulgou, nesta terça-feira (31), uma nota sobre o aniversário de 56 anos do golpe militar que culminou na ditadura que, por mais de 20 anos, matou, perseguiu, torturou e silenciou brasileiros contrários ao regime.

Pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro classificou a data como "dia da liberdade". O Ministério da Defesa, por sua vez, publicou um texto dizendo que a ditadura representa "um marco para a democracia brasileira". O mesmo foi feito pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão, que afirmou que a ditadura militar enfrentou a "desordem e subversão".

Sem citar nomes, o PT condenou aqueles que tentam vender uma imagem diferente do que de fato foram os anos de chumbo.

"Não há o que celebrar nesta data, nem mesmo por aqueles que, na falta de argumentos críveis, apegam-se à falácia de que a ditadura teria evitado o comunismo ou qualquer outro fantasma de sua visão autoritária", diz a nota.

O texto chama a atenção ainda para a maneira negligente com a qual Jair Bolosonaro vem lidando com a pandemia do coronavírus.

"O que o Brasil precisa evitar neste momento, com o engajamento de todos, inclusive das Forças Armadas, é a aposta no caos que o pior presidente da República de todos os tempos está lançando, ao investir contra a saúde da população e a vida das pessoas em meio à crise do coronavírus", diz o partido. 

"A redemocratização do Brasil custou a destruição de famílias inteiras e a vida de incontáveis brasileiros e brasileiras, que não merecem ser violentados mais uma vez", completa. 

Confira, abaixo, a íntegra da nota. 

Nota do PT: Lembrar 1964 para nunca mais repetir

31 de Março é uma data nefasta na História do Brasil, que deve ser recordada para sempre como o trágico episódio que foi para a democracia, a liberdade e a vida do povo brasileiro.

O golpe contra o governo constitucional do presidente João Goulart foi o primeiro passo de uma ditadura militar que prendeu, torturou e assassinou; que se impôs ao país por meio de censura, espionagem, intimidação e terror.

Por mais de duas décadas o povo brasileiro foi submetido a um processo brutal de arrocho dos salários, de expulsão da terra e urbanização em condições subhumanas, de repressão aos trabalhadores do campo e da cidade.

O Brasil tornou-se, nesse período, campeão mundial dos acidentes de trabalho, da morte por epidemias e pela subnutrição, cenário de um milagre econômico às avessas que resultou em concentração de renda e exclusão social.

Não há o que celebrar nesta data, nem mesmo por aqueles que, na falta de argumentos críveis, apegam-se à falácia de que a ditadura teria evitado o comunismo ou qualquer outro fantasma de sua visão autoritária.

O que o Brasil precisa evitar neste momento, com o engajamento de todos, inclusive das Forças Armadas, é a aposta no caos que o pior presidente da República de todos os tempos está lançando, ao investir contra a saúde da população e a vida das pessoas em meio à crise do coronavírus.

A redemocratização do Brasil custou a destruição de famílias inteiras e a vida de incontáveis brasileiros e brasileiras, que não merecem ser violentados mais uma vez.

A ditadura tem de ser lembrada, sim, pelo que ela verdadeiramente foi: o mais longo período de violência contra as liberdades democráticas e contra o povo brasileiro em todas as dimensões.

Tem de ser lembrada sempre, para que nunca mais se repita.

GLEISI HOFFMANN, presidenta nacional do PT
ÊNIO VERRI, líder do PT na Câmara dos Deputados
ROGÉRIO CARVALHO, líder do PT no Senado