Universidade de Brasília apura 100 casos de suposta fraude em cotas raciais

Suspeita é de que alunos brancos se autodeclararam negros; reitoria da UnB pode punir ou até expulsar fraudadores.

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Suspeita é de que alunos brancos se autodeclararam negros; reitoria da UnB pode punir ou até expulsar fraudadores. Da Redação* A Universidade de Brasília (UnB) abriu sindicância para apurar suposta fraude de, pelo menos, 100 alunos que foram admitidos pelo regime de cotas raciais. Os casos foram levantados por grupos de ativistas negros e estudantes da própria universidade, como forma de pressionar a direção da UnB por um rigor maior nessa avaliação. A suspeita é de que candidatos brancos tenham se inscrito como negros ou indígenas, na tentativa de burlar o sistema e ingressar nas vagas reservadas.  Os autores das denúncias também receberam garantias de anonimato. Ajude a Fórum a fazer a cobertura do julgamento do Lula. Clique aqui e saiba mais.

A comissão é composta por três membros, e presidida pela professora da Faculdade de Educação da UnB Renísia Garcia Filice. Ela explicou que não há prazo específico para a conclusão dos trabalhos, mas o grupo pretende finalizar a análise ainda no primeiro semestre de 2018. “A ideia dessa comissão não é punir, apontar dedos, e nem instituir qualquer coisa como um 'tribunal racial'. O que queremos é propor essa discussão. Há gente que frauda por má-fé, e gente que não entende o conceito das cotas, que se julga no direito de usufruir porque tem pais, avós negros”, diz Renísia.

A sindicância foi criada em novembro e, neste ano, já se reuniu duas vezes para analisar os casos. O grupo não tem poder para acionar a Justiça ou tomar medidas administrativas contra os supostos fraudadores. As conclusões deverão ser enviadas como recomendação à reitoria da UnB, que pode pedir a expulsão dos alunos ou estabelecer outras punições. A UnB foi a primeira universidade federal do país a adotar o sistema de cotas raciais nos vestibulares – as discussões começaram em 1999, e a primeira seleção com vagas reservadas foi em 2003. No Programa de Avaliação Seriada (PAS), o sistema foi implementado em 2014.

*Com informações do G1

Foto: Emília Silberstein/Secom UnB