Vídeo de entregador se locomovendo com cadeira de rodas comove internautas

Usuários das redes sociais têm se mobilizado para arrecadar dinheiro para Carlos, que trabalha como entregador em Ceilândia (DF); saiba como ajudar

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Tem viralizado nas redes sociais, desde este domingo (4), um vídeo que mostra um entregador com dificuldades para se locomover em uma cadeira de rodas.

https://twitter.com/douglasprotazio/status/1411815172084273153

O homem que aparece no vídeo em questão se chama Carlos e vive na cidade de Ceilândia (DF). Segundo o jornalista Douglas Potrázio, atualmente o entregador está sem trabalhar pois seu celular quebrou e ele está com um filho doente.

Internautas, diante da situação, já começaram a se mobilizar para ajudar o trabalhador através de doações de dinheiro. Na postagem de Protázio sobre o assunto, foi disponibilizado um número de telefone para que as pessoas entrem em contato com o entregador e articulem as doações.

https://twitter.com/douglasprotazio/status/1411829617531494404

À Fórum, Carlos explicou que estava trabalhando por conta própria, sem estar atrelado a algum aplicativo. "No começo fiquei todo dolorido. Depois fui tentando me aprimorar mais um pouco, andar mais devagar para ver se as dores melhoravam", afirmou.

"Que Deus abençoe o cara que fez esse vídeo. Jamais imaginei uma repercussão tão grande. Trouxe uma boa visão pra minha vida. Uma coisa mais aberta para eu poder lutar para trabalhar. Tem muita gente com dificuldade. Algumas coisas que eu ganhei, eu doei, algumas cestas básicas. Estou ajudando outras pessoas que estão necessitando", declarou ainda.

Rotina de humilhações de entregadores de aplicativos

Em junho, viralizou nas redes sociais um vídeo que mostra entregadores de aplicativos sendo proibidos por seguranças do Shopping Jardins, em Aracaju (SE), de sentarem nas mesas da praça de alimentação enquanto aguardavam para retirar pedidos que seriam entregues aos clientes.

“Os entregadores obrigados a ficarem em pé porque não podem sentar nas cadeiras pra aguardar o pedido. Nós não podemos nem sentar para aguardar pedido. E aí? Isso, diz que foi a superintendência do shopping, que disse que não pode deixar os entregadores sentados. Um monte de cadeira aí e não pode sentar”, diz a pessoa que gravou o vídeo, no último final de semana.

As imagens foram divulgadas pela página Entregadores Antifascistas. Paulo Lima Galo, um dos fundadores do grupo, que protagonizou atos históricos em 2020 em prol de mais direitos para os trabalhadores de aplicativos, falou à Fórum sobre esse tipo de situação vivida pelos entregadores e, segundo ele, trata-se de algo recorrente.

“O que aconteceu no shopping em Aracaju não é um fato isolado, acontece todos os dias em vários lugares. Shopping é sempre uma humilhação diferente, em muitos não podemos entrar com a bag, que fica na rua e pode ser roubada. Não podemos utilizar certos elevadores, sentar para esperar pedidos que muitas vezes demoram de 1 a 2 horas para serem liberados. E o segurança do shopping que está sempre nos seguindo”, relatou.

Segundo Galo, ele já foi até mesmo impedido de usar o banheiro de um shopping e de entrar em uma loja para perguntar o preço de um produto. Isso sem falar nas abordagens truculentas da polícia e seguranças não o deixando sequer parar a moto perto dos restaurantes que demoram para liberar os pedidos.

“O entregador não foi convidado a estar ali ele está ali por uma necessidade de consumo. Mudamos a paisagem das grandes cidades e fica óbvio o momento de decadência do trabalho que o Brasil enfrenta”, analisou ainda o entregador antifascista.

“Você paga 7 reais em uma entrega que o entregador percorreu 12 km na chuva ficou 1 hora esperando o pedido sem sentar, usar o banheiro e com segurança hostil, trânsito hostil, cidade hostil. Até que ele chega com o seu pedido em sua porta. Se todo cliente parar pra pensar no que um entregador tem que enfrentar para que seu lanche chegue na sua casa, seria uma tortura psicológica, assim como você ter que matar o animal que vai comer. O capitalismo é bom em fazer a gente se sentir bem em cima da merda”, atestou.