ECONOMIA

Dono da Petz reclama que empresários pagam poucos impostos e elogia Lula

O empresário Sérgio Zimerman elogia a "liderança que Lula tem" e que a eleição do petista é "esperança renovada em um tema que, para mim, é central: a desigualdade social brutal que existe no Brasil"

Sérgio Zimerman, dono da rede Petz.Créditos: Instagram
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Dono da Petz, uma das maiores redes de produtos veterinários do país, Sergio Zimerman afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo nesta segunda-feira (7) que vê na eleição de Lula (PT) uma esperança contra a desigualdade social "brutal" no Brasil e reclama que empresários, como ele, pagam poucos impostos no país.

"O sistema atual brasileiro concentra renda. Ou seja, aqui, quanto mais dinheiro se ganha, menos se paga impostos. Eu como CEO da companhia, pago menos imposto do que um operador de caixa da minha empresa. Isso é uma vergonha. Não acho que um país pode dar certo com esse tipo de mentalidade", disse Zimerman.

O empresário elogia a "liderança que Lula tem" e que a eleição do petista é "esperança renovada em um tema que, para mim, é central: a desigualdade social brutal que existe no Brasil".

"Muitas vezes, uma parte significativa dos políticos imagina que a melhor forma de resolver o problema da desigualdade social é por meio de programas sociais ou por um estado gigante, com muito assistencialismo e somente isso. Algum grau de assistencialismo é necessário, principalmente para as pessoas que estão abaixo da linha da pobreza. No entanto, para realmente interferir na desigualdade e promover oportunidades de elevar a condição de vida das pessoas de uma forma estruturada, para mim, a mãe de todas as reformas é a tributária", disse o empresário.

Zimermam alerta, no entanto, que vê com preocupação propostas que foram feitas no governo golpista de Michel Temer (MDB) e se estenderam à gestão Jair Bolsonaro (PL), com a política neoliberal de Paulo Guedes.

"Fico preocupado quando vejo todas as propostas de reforma que circulam até hoje, que foram discutidas até o momento, e vejo que nenhuma toca no assunto mais central, que é essa brutal concentração de renda. É um sistema regressivo, com tributação no consumo. No Brasil, há uma média de 50% de impostos sobre os bens consumidos que não se verifica no resto do mundo. No resto do mundo, a média é de 20%. Isso dá a dimensão de como quem tem menos recursos paga mais impostos [pois quanto menos recursos se tem, mais eles são destinados ao consumo]. O que agrava a situação é que o sistema de impostos é embutido. As pessoas não têm consciência da carga tributária que suportam. Saber o quanto se paga por produto provocaria uma revolta. Podemos ainda citar outro aspecto que no governo atual foi negligenciado o tempo todo que é o não reajuste da tabela do Imposto de Renda", diz.