CUSTO DE VIDA

Brasil de Bolsonaro: Salário mínimo tem menor poder de compra desde o Plano Real

Marco das gestões petistas, governo Bolsonaro extinguiu a política de valorização do salário mínimo; outro agravante é a aceleração da inflação

Bolsonaro e Paulo GuedesCréditos: Reprodução / Divulgação redes sociais
Escrito en ECONOMIA el

Jair Bolsonaro (PL) é o primeiro presidente, desde o Plano Real, que vai deixar o mandato com  o salário mínimo valendo menos do que quando entrou. Pelos cálculos da corretora Tullett Prebon Brasil, a perda será de 1,7%, se a a inflação não acelerar mais do que o previsto pelo mercado.

Pelos cálculos da corretora, o piso salarial cairá de R$ 1.213,84 para R$ 1.193,37 entre dezembro de 2018 e dezembro de 2022, descontada a inflação.

Dois fatores explicam a perda inédita. Um deles é o ajuste fiscal, pelo peso do salário mínimo na indexação do Orçamento da União, ou seja, reajustes no piso têm impacto em uma gama de outras despesas, como benefícios sociais e gastos com Previdência. O segundo é a aceleração da inflação.

De 2012 para 2022, os preços dos alimentos explodiram de forma vertiginosa enquanto o poder de compra dos brasileiros se reduziu drasticamente. 

Para ter uma ideia, em 2012, quando o salário mínimo era de R$ 620, uma compra no supermercado ficava em torno de R$ 200, portanto, representava 32% deste salário. Atualmente, o salário mínimo é de R$ 1212,  30% deste salário representa R$ 363,60 - o que hoje em dia não é suficiente para fazer uma "compra do mês", conforme relatam inúmeros consumidores. 


Política de valorização do salário mínimo foi abandonada no governo Bolsonaro 


Um dos marcos das gestões federais do PT (2002-16) foi a política de valorização do salário mínimo. De acordo com o sociólogo Clemente Ganz Lúcio, "desde 2002, a política de valorização garantiu um aumento real de mais de 78%. Com o salário mínimo a R$ 1.212,00, dos quais R$ 533,80 correspondem ao aumento real, o que incrementa anualmente mais de 390 bilhões a massa de rendimentos da economia (sem o aumento real de 78,7% o valor do SM seria de R$ 678,00)".


Crise afetou a maternidade


O aumento do mercado de trabalho informal, impulsionado pela reforma trabalhista retirou da muitas mães, o direito ao período legal de licença-maternidade no país, de 120 dias. Sem renda, e na maioria das vezes sem o apoio financeiro dos pais das crianças, elas têm a creche como única opção para continuar sustentando a família.

Na última semana de abril, 3.741 bebês com menos de quatro meses estavam matriculados nas creches da rede municipal da cidade de São Paulo. Desses, 63 têm menos de 30 dias de vida e 539 menos de 60 dias, etapa que os especialistas descrevem como "gestação externa", ainda na transição para o mundo fora do corpo da mãe.

O número de bebês de até dois meses nas creches neste ano é quase duas vezes maior ao que era registrado no mesmo mês do ano passado, quando havia 325 matrículas dessa faixa etária. É ainda 23 vezes maior que o registrado em abril de 2019, antes da pandemia, quando havia 26 bebês dessa idade.

 

Com informações da Folha S. Paulo e o Globo