GOVERNO BOLSONARO

"Se não quiser, que se dane", diz Guedes a empresários que não aderirem ao congelamento de preços

Guedes afirmou que ao pedir para que os empresários tenham "nova tabela de preços só em 2023", após as eleições, não falou em "congelamento", mas em uma ação voluntária, diante de inflação de dois dígitos.

Paulo Guedes.Créditos: Agência Câmara
Escrito en ECONOMIA el

Após fazer um apelo em evento de supermercadistas para que os empresários tenham "nova tabela de preços só em 2023", congelando os valores principalmente dos alimentos para garantir uma tentativa de reeleição de Jair Bolsonaro (PL), o ministro da Economia Paulo Guedes atacou nesta terça-feira (14) os empresários que não aderirem à proposta.

Em evento em São Paulo com investidores, Guedes tentou se explicar dizendo que não se trata de "tabelamento", mas de uma ação "voluntária" dos empresários e desdenhou daqueles que não segurarem os preços diante de uma inflação de dois dígitos nos últimos 12 meses.

"É patético falar em tabelamento. Quem congelou preços lá atrás tem esse fantasma na cabeça. Reduzimos a cunha fiscal e mesmo que os preços subam há espaço para não dar aumento. Mesmo que os custos subam, como caíram os impostos, você pode ficar um tempo sem remarcar preços, ponto. Voluntariamente. Se não quiser, que se dane, aumenta o preço e o consumidor sai de perto”, disse Guedes emendando que "foi nesse sentido que falei, não tem nada a ver com congelamento".

Após prometer meses a fio uma "recuperação em V" da economia, o ministro ainda voltou a falar o Brasil está "começando sua decolagem".

"O Brasil ao contrário de EUA e Europa está começando sua decolagem de novo. Fizemos reformas durante a crise. O Banco Central agiu para manter a inflação sob controle, fizemos acordos comerciais e melhoramos os marcos regulatórios para expandir investimentos".

Trava

Durante discurso no evento organizado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) na quinta-feira (9), Guedes fez um apelo para que os supermercadistas colocassem uma "trava" nos preços.

"Eu encerro reforçando o pedido, que é o seguinte: agora é hora de dar um freio nessa alta de preços. É voluntário, e para o bem do Brasil. Da mesma forma que os governadores têm que colocar a mão no bolso e ajudar o Brasil, o empresariado brasileiro tem que entender o seguinte: devagar agora um pouco porque a gente tem que quebrar essa cadeia inflacionária", disse.

Em seguida, ele deu o comando ao empresariado. "A conversa é a seguinte: ICMS, IPI, nós reduzimos, então ao longo da cadeia, trégua. Nova tabela de preços só em 2023. Trava os preços. Vamos parar de aumentar os preços por 2 ou 3 meses. Estamos uma hora decisiva para o Brasil", apelou.