O INDICADO

Mesmo com currículo rejeitado, indicado de Bolsonaro vai presidir a Petrobras

A Lei das Estatais exige formação acadêmica compatível e experiência de dez anos no setor; Paes de Andrade é formado em comunicação e atuou em empresa de tecnologia

Caio Paes de Andrade teve seu nome confirmado.Créditos: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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Apesar de ter seu nome rejeitado por Francisco Petros, presidente do comitê que avalia currículos indicados, na sexta (24), Caio Paes de Andrade teve seu nome confirmado, nesta segunda-feira (27), para presidir a Petrobras.

Indicado por Jair Bolsonaro (PL), ele também foi eleito para integrar o conselho de administração da empresa, condição inicial para que passe a chefiar a estatal.

A nomeação teve três votos contrários de conselheiros: o próprio Petros, Marcelo Mesquita e a representante dos empregados, Rosângela Buzanelli, de acordo com reportagem e Nicola Pamplona, na Folha de S.Paulo.

Conforme a ata do encontro de sexta, o currículo de Paes de Andrade está “muito aquém das necessidades de governança e gestão da Petrobras”.

A Lei das Estatais prevê que o candidato tenha formação acadêmica compatível e experiência de dez anos em empresas do mesmo setor. O nomeado é formado em comunicação social e fez carreira em uma empresa de tecnologia.

“A experiência mais constante no tempo e relevante do ponto de vista da formação de conhecimento gerencial do candidato foi realizado em empresas cuja complexidade é substancialmente menor que a da Petrobras”, destacou Petros, em seu voto.

A área de compliance da Petrobras já havia alertado sobre essas irregularidades. "As frequentes trocas de presidentes e de conselheiros, e suas motivações, geram tremenda instabilidade na economia e na própria empresa, como um terremoto, uma onda sísmica que se propaga desde o Conselho de Administração, Diretoria Executiva, corpo gerencial, técnico e operacional, lá na ponta de linha. A indicação de Caio Paes de Andrade não atende minimamente aos critérios definidos na legislação e no estatuto social da companhia. É um acinte. A Petrobrás é do estado brasileiro, não do governo de plantão. Criada pelo povo e agigantada por seu corpo técnico, cuja competência e dedicação são inquestionáveis, se consolida diariamente através dele", afirmou Rosângela Buzanelli.

Entidades ligadas a petroleiros promovem manifestação contra nomeação

Antes da reunião desta segunda, sindicatos ligados a petroleiros promoveram protesto em frente a um dos edifícios da companhia, no centro do Rio de Janeiro. As entidades dos trabalhadores encaram a nomeação de Paes de Andrade como mais um passo para privatizar a Petrobras.

Este é o quarto presidente da empresa no governo Bolsonaro. Paes de Andrade substitui José Mauro Coelho, demitido pelo chefe do Executivo, pouco mais de um mês de tomar posse. Antes, outros demitidos foram o general Joaquim Silva e Luna e Roberto Castello Branco.