ECONOMIA

O que é deflação e como ela pode mudar sua vida

Comemorada pelo governo, retração inédita nos preços não é acompanhada por setores essenciais, como a alimentação, e pode agravar ainda mais a situação econômica das famílias brasileiras.

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes.Créditos: Antônio Cruz/Agência Brasil
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Comemorada pela horda de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), a deflação registra em julho, quando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho recuou 0,68% revela um cenário econômico inédito.

No entanto, diferentemente do que pensam Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, um cenário de retração nos preços pode acarretar uma piora para o país e, principalmente, na vida dos brasileiros.

O quadro se agrava porque a redução de preços registrada em julho é artificial e não se estende aos setores mais sensíveis para a população.

Em economia, a deflação é caracterizada pela redução de preços de produtos e serviços por um determinado período pela redução da demanda. A consequência de uma deflação persistente é o desinvestimento na indústria e serviços, gerando desemprego, que reduz ainda mais o consumo, gerando uma um efeito bola de neve na retração econômica do país.

No entanto, o que acontece no país, é uma redução de preços de alguns setores forçados pela intervenção do governo Jair Bolsonaro (PL), especialmente em relação aos combustíveis.

A deflação de 4,51% no setor de transportes e de 1,05% na habitação foi acompanhada de inflação - aumento de preços - em todos os outros 7 setores pesquisados.

A alta nos setores de alimentação e bebidas de 1,3%, saúde e cuidados pessoais de 0,49% e despesas pessoais de 1,13% mostra que há demanda crescente no consumo das famílias em ítens de necessidade básica, que não pararam de subir.

“O que nós verificamos como última medida de inflação, ou seja, deflação, é que houve uma queda na média dos preços comparáveis aos últimos 30 dias, expressa, justamente, por um dos principais produtos, que é o combustível, que puxou o nível de preços para baixo. Isso, enquanto outros preços subiram. Mas a sua proporção, sua ponderação em relação ao conjunto do indicador, é menor do que o peso decorrente dos combustíveis”, explica o economista Marcio Pochmann, professor da Unicamp.

Para ele, “a deflação não expressa a realidade do conjunto de preços, mas resulta da queda do macropreço, que hoje é o combustível”.

A redução artificial dos preços dos combustíveis forçada pelo governo Jair Bolsonaro antes das eleições, deve provocar um caos econômico após o pleito, com a retomada dos reajustes da gasolina, do diesel e do etanol.

Esse reajuste voltaria a impactar o preço de produtos e serviços essenciais para a população, que continua sendo reajustado.

Além disso, a deflação deve fazer com que as empresas reduzam expectativas de aumentos salariais - ou até mesmo forçar uma contenção de salários nos próximos meses - achatando ainda mais o poder de compra da população.