O Brasil está prestes a alcançar uma safra recorde de grãos, com uma produção total estimada em 354,7 milhões de toneladas, de acordo com o primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) relativo a 2025/26, divulgado nesta terça-feira (14). O número representa um aumento de 0,8% em relação ao ciclo anterior, que já havia sido o maior da série histórica, e é impulsionado pela soja e pelo milho, que tiveram um aumento nas exportações.
Esse desempenho positivo ocorre em um cenário de tensões comerciais globais, protagonizado pelos Estados Unidos. O governo de Donald Trump implementou tarifas elevadas sobre produtos agrícolas estrangeiros, afetando diretamente seus próprios produtores e impactando países como o Brasil e a China.
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As exportações de soja dos EUA para a China caíram significativamente devido a tarifas retaliatórias, resultando em perdas para os agricultores norte-americanos e, como consequência, os chineses aumentaram suas compras de soja brasileira. Em setembro, o país asiático representou 93% das exportações brasileiras de soja, e as projeções indicam que as exportações totais podem alcançar 110 milhões de toneladas até o final do ano.
Além disso, o país está ampliando suas exportações de milho, com embarques chegando a 6 milhões de toneladas em outubro, totalizando 30 milhões de toneladas no ano. Isso posiciona o Brasil como o segundo maior exportador mundial de milho, atrás apenas dos EUA.
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Os números das exportações
As projeções da Conab indicam aumento nas exportações de milho para 2025, que devem subir de 40 milhões para 46,5 milhões de toneladas. O consumo interno também crescerá, alcançando 94,5 milhões de toneladas, puxado pela indústria do etanol.
Para a soja, o Brasil deve manter a liderança global nas exportações, com 112 milhões de toneladas previstas, enquanto o processamento interno pode chegar a 59,5 milhões, impulsionado pela demanda de biodiesel e proteína vegetal.
Mesmo com menor área plantada, o arroz deve garantir boa oferta interna e ampliar embarques para o exterior: 2,1 milhões de toneladas, ante 1,6 milhão no ciclo anterior. As importações e o consumo doméstico devem permanecer estáveis, próximos de 1,4 milhão e 11 milhões de toneladas, respectivamente.
Destaques do primeiro levantamento da safra de grãos
A soja continua liderando a produção nacional e deve atingir 177,6 milhões de toneladas, impulsionada por uma alta de 3,6% na área cultivada. As chuvas de setembro favoreceram o início do plantio, com 11,1% da área já semeada até o momento da pesquisa. No Mato Grosso e no Paraná, principais estados produtores, o ritmo foi ainda mais acelerado: 18,9% e 31% das áreas já estão plantadas.
O milho também apresenta perspectiva de crescimento, com 22,7 milhões de hectares de área e produção total estimada em 138,6 milhões de toneladas somando as três safras. A primeira colheita deve avançar 6,1% em área, com 25,6 milhões de toneladas previstas. No Sul, o plantio está praticamente consolidado: 83% da área já foi semeada no Rio Grande do Sul, 84% no Paraná e 72% em Santa Catarina.
Já o arroz deve ter retração de 5,6% na área cultivada, resultando em 11,5 milhões de toneladas. No feijão, a tendência é de estabilidade, com 3 milhões de toneladas esperadas nas três safras — embora a primeira deva encolher 7,5%. A semeadura já começou no Sudeste, com São Paulo à frente, e ainda será iniciada em estados como a Bahia, terceiro maior produtor.
Entre as culturas de inverno, o trigo deve somar 7,7 milhões de toneladas, uma queda de 2,4% frente à safra anterior. A retração está ligada à redução de quase 20% na área cultivada, influenciada por condições climáticas menos favoráveis.