RECADO A TRUMP

A carta de Haddad para o FMI: é hora de taxar os super-ricos

Brasil cobra a taxação dos os bilionários para que paguem a conta da crise climática

Créditos: Diogo Zacarias/MF
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O Ministério da Fazenda apresentou nesta quarta-feira (15) um vídeo e a carta do ministro Fernando Haddad durante as Reuniões Anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, realizadas em Washington (EUA). O documento propõe a taxação dos super-ricos e expressa a posição oficial do Brasil no Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC).

“Agora é a hora de os super-ricos pagarem sua parte justa de impostos”, afirma um trecho do documento obtido pela Fórum. “O sistema tributário global continua inadequado, permitindo uma concentração de riqueza sem precedentes e facilitando a evasão e a elisão fiscais em larga escala.”

Desigualdade e concentração de riqueza no centro do debate

Haddad alertou para o aumento da concentração de riqueza mundial, que ameaça a estabilidade política e econômica de diversas nações. “A desigualdade é uma falha estrutural da economia global. Precisamos de um novo pacto fiscal e tributário, capaz de financiar políticas públicas inclusivas”, declarou o ministro.

Segundo o documento, a política fiscal deve ser um instrumento de justiça social e sustentabilidade, e não apenas de ajuste orçamentário. A carta apresenta as propostas brasileiras para promover reformas estruturais que conciliem equilíbrio fiscal, crescimento econômico e combate à desigualdade. “Nossa agenda econômica continua a enfatizar a justiça social dentro de um arcabouço fiscal crível”, reforçou Haddad.

O ministro destacou que o governo brasileiro está empenhado em rever isenções regressivas e em implementar mecanismos de tributação sobre renda e patrimônio, de forma que “quem tem mais, contribua mais”. Ele reafirmou o compromisso do país com a reforma do Imposto de Renda (IR) e mencionou a reforma do consumo (IVA duplo), além de iniciativas do Plano de Transformação Ecológica, que insere a sustentabilidade ambiental no centro da política fiscal e financeira.

Haddad também defendeu uma reforma da governança internacional, cobrando do FMI maior “independência analítica” e representatividade para países em desenvolvimento — especialmente os membros dos BRICS — na formulação das diretrizes econômicas globais.

Representação do Brasil nas reuniões

A proposta brasileira foi apresentada pela secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, que representou o ministro em Washington. O ministro Haddad enviou um vídeo, que foi exibido na ocasião, onde retrata o assunto.

Haddad decidiu permanecer no Brasil para articular, junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), alternativas fiscais e possíveis retaliações ao Congresso após a derrubada da Medida Provisória (MP) 1303/2025. A medida foi pressionada pelo governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos-SP), apontado como possível adversário de Lula nas eleições de 2026.

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