CRISE

Burger King pode falir nos EUA? Prejuízo milionário força recuperação judicial; entenda

A Consolidated Burger Holdings, responsável por 57 restaurantes em estados como Flórida e Geórgia encerrou ano passado com uma dívida total que supera US$ 35 milhões. Caso é mais um revés para o bilionário Jorge Paulo Lemann, que coleciona derrotas, como a das Lojas Americanas

crise na operadora do Burger King nos EUA,joga luz para a ineficácia do tipo de gestão agressiva de Lemann ..Créditos: Burger King/Divulgação
Escrito en ECONOMIA el

Uma das principais operadoras de franquias do Burger King nos Estados Unidos, a Consolidated Burger Holdings (CBH), acaba de protocolar um pedido de recuperação judicial (Chapter 11 da Lei de Falências dos EUA, mecanismo jurídico semelhante à recuperação judicial brasileira), após acumular um prejuízo milionário.

Responsável por 57 restaurantes em estados como Flórida e Geórgia, a empresa encerrou 2024 com um prejuízo de US$ 15 milhões e uma dívida total que supera os US$ 35 milhões.

As dificuldades recentes da operadora americana se somam a uma série de reveses para a 3G Capital e seu principal sócio, o bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann, conhecido como o Rei do Hamburguer. Ele detém participação na Restaurant Brands International (RBI), controladora global da marca Burger King.

A crise é mais um indicativo de que a metodologia de gestão do trio Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles - focada em cortes radicais de custos e grandes fusões - não é eficiente e sustentável, mas sim o inverso.
 


Uma sequência de reveses notáveis

Nos últimos anos o império de Lemann vem sofrendo fracassos notórios, como o caso da Kraft Heinz, gigante do setor alimentício que resultou da fusão entre Kraft Foods e Heinz, orquestrada pela 3G Capital e Warren Buffett. A companhia enfrentou a desvalorização de marcas icônicas em cerca de US$ 15 bilhões e viu suas ações despencarem, culminando na saída discreta da 3G do conselho e na redução de sua participação no negócio.

No Brasil, o cenário de crise se agravou com o escândalo das Lojas Americanas. Em janeiro de 2023, a varejista controlada pelos sócios da 3G Capital anunciou a descoberta de "inconsistências contábeis" que somavam R$ 25 bilhões, o que a levou a um dos maiores pedidos de recuperação judicial da história do país. O episódio gerou um impacto severo na credibilidade do trio de bilionários, forçando Lemann a admitir publicamente que os últimos anos foram marcados por "muitos insucessos".

Agora, a crise na operadora do Burger King nos EUA expõe um questionamento plausível sobre a eficácia do tipo de gestão agressiva, aliado às dificuldades que o setor de fast-food enfrenta no país, combinando o aumento de custos operacionais (energia, aluguel, insumos) e a mudança no comportamento do consumidor no pós-pandemia.

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