A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) divulgou nota em que classifica o encontro entre os presidentes Lula, do Brasil, e Donald Trump, dos EUA, como "avanço concreto" para que o tarifaço de 50% sobre alguns produtos brasileiros pelo governo estadunidense chegue ao fim.
O anúncio do início das negociações sobre o tarifaço, com disposição real das duas partes para alcançar um acordo, é um passo relevante. Acreditamos que teremos uma solução que vai devolver previsibilidade e competitividade às exportações brasileiras, fortalecendo a indústria e o emprego no país”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban, na nota.
Te podría interesar
Segundo o texto, o diálogo entre os dois líderes representa um avanço concreto nas tratativas bilaterais e reforça o compromisso de ambos os governos com a construção de soluções equilibradas para o comércio entre Brasil e Estados Unidos.
A CNI, que tem participado das tratativas juntamente com o vice-presidente, Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, afirma ainda que "continuará à disposição para contribuir tecnicamente no sentido da retomada da relação comercial entre os dois países sem tarifas abusivas".
Te podría interesar
“É natural que os Estados Unidos busquem proteger suas cadeias produtivas. O que defendemos é um processo racional, transparente e baseado em dados, que permita avançar de forma construtiva”, afirmou Alban.
De acordo com a nota, em setembro, na missão empresarial liderada pela CNI a Washington, foram abertas frentes de diálogo e cooperação em setores de alto potencial, como data centers, combustível sustentável de aviação (SAF) e minerais críticos — temas que permanecem no centro da agenda bilateral.
"Na ocasião, líderes industriais se reuniram com autoridades e empresários norte-americanos para discutir os impactos das tarifas sobre exportações brasileiras e abrir caminhos para novas negociações".
Encontros imediatos
Pelas redes sociais, Lula classificou como "ótima" a reunião e anunciou encontros imediatos entre as equipes dos dois países para resolução tanto da tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros, quanto das sanções aplicadas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e a esposa dele, Viviane Barci de Moraes.
"Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde [NR.: horário da Malásia] deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras", escreveu Lula.
Em entrevista logo após o encontro, o chanceler brasileiro Mauro Vieira, afirmou que a reunião foi muito produtiva e que as negociações entre representantes dos dois países vão começar ainda neste domingo.
"O presidente Trump afirmou que dará instruções à sua equipe para que comece um período de negociação bilateral, que deve iniciar-se hoje ainda porque é para tudo ser resolvido em pouco tempo", afirmou Vieira, que participou da reunião ao lado de Lula.
Trump levou para a reunião o secretário de Estado, Marco Rubio, o secretário do Tesouro, Scott Bessent - responsável pelas sanções pela Lei Magnitsky -, e o representante Comercial dos Estados Unidos, Jamieson Lee Greer.
Segundo o governo brasileiro, foram temas da reunião a retirada de tarifaço e da Lei Magnitsky contra o Brasil e brasileiros, além de visitas oficiais dos dois presidentes.
O tema político, no que diz respeito ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi definido como uma questão "lateral".
Durante o período de negociações, que se inicia "imediatamente" entre os países deve haver uma suspensão temporária do tarifaço e das sanções da Lei Magnitsky aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
“O presidente solicitou e reiterou o que havia dito no telefonema, e ele concordou que faremos uma rápida negociação e durante esse período haverá uma suspensão”, afirmou o chanceler brasileiro, Mauro Vieira. “Agora, hoje, não está. Acabamos de sair da reunião. Vamos ter negociações, conversas, com vistas a suspensão das tarifas, visto que são aplicadas a um país que não tem um superávit, portanto não é justa”, completou.
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, o representante comercial, Jamieson Lee Greer, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, vão coordenar a equipe dos EUA nos encontros, que devem ocorrer ainda neste domingo, com a presença de Vieira, e do secretário-executivo do MDIC, Marcio Rosa.
“Foi tudo muito abrangente, o presidente Lula falou do tarifaço, da suspensão da Lei Magnitsky em relação a algumas autoridades. Trump, muito simpático, ouviu com muita atenção e orientou sua equipe a seguir dialogando conosco para chegarmos a um meio-termo”, adiantou Márcio Rosa.