O Pix já integra a rotina de pagamentos no país, e o setor de cartões quer dar o próximo passo: permitir que o consumidor use o cartão físico para iniciar um Pix na maquininha, escolhendo entre crédito, débito ou Pix no ato da compra, sem abrir aplicativo ou depender do celular. A transação seria liquidada instantaneamente, como no Pix tradicional.
A proposta mira quem enfrenta conexão instável e quem não tem aparelho com NFC, aproveitando a vasta rede de terminais espalhada pelo Brasil. Na prática, reduziria o uso de QR Codes e chaves em compras presenciais e ampliaria a inclusão de usuários.
Te podría interesar
Em abril deste ano, no Congresso de Meios de Pagamento (Cmep), a Abecs levou o tema ao debate e defendeu a interoperabilidade do Pix com arranjos privados autorizados pelo Banco Central. O objetivo é integrar o Pix ao chip dos cartões e usar a infraestrutura já existente das maquininhas.
O que pede o setor e a posição do BC
Segundo a indústria, a mudança exigiria regras do BC para que o Pix “converse” oficialmente com outros arranjos — algo que, avaliam, também ajudaria a diferenciar pagamento de simples transferência, ponto sensível para a aplicação da reforma tributária.
Te podría interesar
O BC, porém, indica que a agenda atual de evolução do Pix não contempla, por ora, a interoperabilidade com arranjos de cartão.
Hoje, o Pix por aproximação funciona em carteiras digitais no Android (Google Pay), mas ainda não no iPhone; a autoridade monetária mantém tratativas com a Apple para viabilizar o recurso.
Para lojistas, a integração via cartão preservaria a liquidação imediata e poderia reduzir custos frente às taxas do crédito.
Paralelamente, avança a discussão sobre o Pix Parcelado, previsto para 2026. Bancos preferem liquidar as parcelas via fatura de cartão; o BC defende débito direto em conta para preservar a natureza do Pix e evitar dependência do crédito tradicional. Pelo desenho em análise, o comércio recebe à vista e o cliente parcela com seu banco ou fintech, com juros e prazos definidos conforme perfil de risco.
Entidades de defesa do consumidor, como o Idec, alertam para riscos de superendividamento e para a confusão de associar a marca Pix — hoje vista como simples e gratuita — a um produto de crédito. Pedem salvaguardas claras, informação adequada e monitoramento dos efeitos sobre famílias de baixa renda.