ECONOMIA

Dívida trilionária, despesas em alta: EUA batem recorde de déficit orçamentário

Tarifas não aumentaram receitas como esperado e governo dos EUA marcha rumo à crise fiscal

Créditos: TIMOTHY A. CLARY / AFP
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O déficit orçamentário dos Estados Unidos alcançou US$ 1,147 trilhão nos cinco primeiros meses do ano fiscal de 2025, o maior valor já registrado para o período, informou o Departamento do Tesouro nesta quarta-feira (5).

O resultado inclui um déficit de US$ 307 bilhões em fevereiro, o primeiro mês completo do mandato do presidente Donald Trump, aumento de 4% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Entre outubro e fevereiro — período que abrange quase quatro meses do governo anterior, de Joe Biden — o déficit superou o recorde anterior de US$ 1,047 trilhão, registrado entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021, durante a pandemia de COVID-19.

O Tesouro informou que o aumento do déficit em fevereiro foi impulsionado por maiores gastos com juros da dívida, Previdência Social e programas de saúde, que superaram o crescimento das receitas.

O resultado também mostrou pouco impacto inicial das tarifas de importação implementadas por Trump e de suas medidas de corte de gastos públicos.

As receitas de fevereiro totalizaram US$ 296 bilhões, aumento de 9% em relação ao ano anterior, enquanto as despesas atingiram US$ 603 bilhões, alta de 6% no mesmo período. Ajustados pelo calendário de pagamentos e arrecadações, o déficit seria de US$ 311 bilhões, igualando o recorde de fevereiro de 2021.

No acumulado do ano, as receitas subiram 2%, para US$ 1,893 trilhão, enquanto as despesas aumentaram 13%, chegando a US$ 3,039 trilhões.

Com os ajustes de calendário, o déficit acumulado ajustado foi de US$ 1,063 trilhão, 17% superior ao registrado no mesmo período do ano fiscal anterior.

Trump anunciou em fevereiro uma tarifa adicional de 10% sobre produtos chineses, ampliada para 20% em março. Uma das ideias das atarifas era criar um "imposto invisível", forçando que importadores e consumidores pagassem pela produção oriunda do exterior ao governo federal.

Contudo, de acordo com os dados do Tesouro, o impacto dessas medidas nas receitas alfandegárias não apareceu nos resultados de fevereiro.

As receitas de alfândega somaram US$ 7,25 bilhões no mês, ligeira queda em relação a janeiro, mas superiores aos US$ 6,21 bilhões de fevereiro de 2024.

Segundo o Comitê por um Orçamento Federal Responsável, o governo norte-americano está tomando emprestado cerca de US$ 8 bilhões por dia.

“Não há dúvida de que estamos quase na metade do ano fiscal e ainda não fizemos absolutamente nada para conter nossa dívida fora de controle”, afirmou a presidente do grupo, Maya MacGuineas, em comunicado.

As medidas de contenção de gastos promovidas pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), liderado por Elon Musk, também não mostraram efeitos expressivos.

O Departamento de Educação reduziu suas despesas de US$ 14 bilhões para US$ 8 bilhões em fevereiro, enquanto a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) registrou queda de US$ 542 milhões para US$ 226 milhões, considerado insuficiente para resolver a questão fiscal do país.

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