A Etiópia, que antes figurava entre as nações mais pobres do mundo, emergiu como uma das economias mais dinâmicas da África. Seu Produto Interno Bruto (PIB) saltou de US$ 8,2 bilhões em 2000 para US$ 163,7 bilhões em 2023 — um crescimento impressionante de 1.886% em duas décadas.
Esse avanço meteórico transformou o país do leste africano na sexta maior economia do continente e na principal potência econômica de sua região, segundo dados do Banco Mundial.
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O marco coincide com a entrada estratégica da Etiópia no bloco BRICS em janeiro de 2024, um movimento que especialistas consideram decisivo para as ambições de desenvolvimento do país.
A transformação da Etiópia baseia-se em um modelo econômico misto, que combina industrialização liderada pelo Estado com reformas graduais de mercado. Antes dependente da agricultura de subsistência, o país diversificou sua economia.
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Hoje, os serviços representam 36,25% do PIB, a agricultura 37,5% e a indústria 21,85%. Através de investimentos em infraestrutura e parcerias comerciais com a China, os Estados Unidos e países do Golfo impulsionaram o crescimento — especialmente nos setores de manufatura, construção civil e serviços em expansão.
Apesar dos avanços, os desafios persistem. Quase 70% dos 126 milhões de habitantes da Etiópia vivem em situação de pobreza multidimensional, e o desemprego entre os jovens continua crítico.
Mas à nível de comparação, o PIB per capita do país era de 121 dólares por pessoas por ano, sendo o terceiro país mais pobre do mundo em 2000. Hoje, o nível é de US$ 1,294, saltando mais de 30 posições no ranking.
Entrada nos BRICS
O convite para a Etiópia integrar os BRICS em 2023, com efeito a partir de janeiro de 2024, marca uma mudança decisiva. Analistas apontam que o bloco oferece a Addis Abeba acesso a investimentos, tecnologia e influência política, como forma de contrabalançar a dominação ocidental na África.
“A colaboração com os BRICS pode atrair investimentos estrangeiros diretos para industrialização e infraestrutura, impulsionar o comércio regional e modernizar a agricultura com tecnologias avançadas”, afirmou Balew Demissie, professor de economia da Universidade de Addis Abeba, em entrevista à agência Xinhua.
Embora o crescimento do PIB da Etiópia tenha desacelerado, a adesão ao BRICS e o foco em setores como têxteis, energia renovável e logística demonstram resiliência.
O governo segue priorizando infraestrutura, incluindo a Grande Represa do Renascimento Etíope (GERD), para estabilizar o fornecimento de energia e o comércio regional.
"A Etiópia desempenha um papel fundamental na promoção da estabilidade e da paz no Chifre da África, e sua participação no BRICS pode fortalecer os esforços coletivos para abordar conflitos regionais e aprimorar a cooperação em matéria de segurança", explica Demissie.