Alvo de racismo, Celsinho do Londrina comemora gol com gesto de resistência; veja vídeo

Jogador teria sido chamado de "macaco" na partida anterior, contra o Brusque, o que o levou fazer o sinal antirracista no jogo contra o Coritiba

O jogador Celsinho, do Londrina, foi alvo de racismo de dirigente do Brusque | Reprodução
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Alvo de manifestações racistas em ao menos três ocasiões, o jogador Celsinho, do Londrina, resolveu aproveitar a comemoração de um gol que fez nesta quarta-feira (1) para passar um recado contra o preconceito.

Ao marcar o segundo gol de sua equipe contra o Coritiba, em partida válida pela série B do Campeonato Brasileiro, o meio-campista se ajoelhou e ergueu um dos braços com o punho cerrado.

Trata-se de um gesto de resistência que foi eternizado, principalmente, pelos Panteras Negras na década de 60, nos Estados Unidos, e também pelo movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), mais recentemente. O gesto do braço erguido com punho cerrado também é utilizado ao redor do mundo por movimentos de esquerda.

Assista à cena.

https://twitter.com/DiarioGols/status/1433233667439144960

Racismo

Celsinho foi alvo de ataques racistas pela terceira vez em menos de dois meses em jogos da Série B do campeonato brasileiro.

Durante a partida contra o Brusque, na cidade catarinense no último sábado (28), Celsinho disse ter sido chamado de “macaco” por um integrante da comissão do clube adversário.

Na súmula do jogo, o árbitro Fábio Augusto Santos Sá Junior confirmou o ato racista que teria sido desferido por Júlio Antônio Petermann.

Em nota, no entanto, o Brusque nega o ato racista e diz que o jogador do Londrina “é conhecido por se envolver neste tipo de episódio”.

“O atleta, por sua vez, é conhecido por se envolver neste tipo de episódio. Esta é pelo menos a 3a vez, somente este ano, que alega ter sido alvo de racismo, caracterizando verdadeira “perseguição” ao mesmo. Importante esclarecer que, ao árbitro, o atleta não relatou ter sido chamado de “macaco”, mas sim que teriam dito “vai cortar esse cabelo de cachopa de abelha”, o que constou da súmula e revela a total contradição nos seus relatos”, diz a nota, que ressalta que “jamais permitiríamos qualquer atitude de conotação racista em nosso Clube”.

A principal patrocinadora do Brusque FC é a rede de lojas Havan, cujo dono é Luciano Hang, um dos principais empresários apoiadores de Jair Bolsonaro. 

No dia 17 de julho, Celsinho foi alvo de ataques racistas do comentarista Vinícius Silva e do narrador Romes Xavier, da Rádio Bandeirantes, durante transmissão do empate sem gols contra o Goiás. A dupla pediu desculpas nas redes sociais e foi afastada da emissora.

Menos de uma semana depois, contra o Remo, o narrador Cláudio Guimarães, da Rádio Clube do Pará, afirmou que Celsinho “vai com seu cabelo meio ninho de cupim para bater na bola”. Guimarães foi afastado pela emissora e também pediu desculpas pelo comentário.