OLIMPÍADAS 2024

Internet resgata uniforme do Time Brasil em outros Jogos Olímpicos: pouca coisa mudou

Roupas da edição de 2024 receberam críticas de usuários das redes sociais, políticos, como a deputada Érika Hilton, e celebridades, como a cantora Anitta

Créditos: Fotomontagem (Reproduçãox) - Uniforme do Time Brasil para as Olimpíadas adota o mesmo estilo desde os anos 2000
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O uniforme do Time Brasil para as Olimpíadas de Paris 2024 tem recebido diversas críticas de internautas, políticos, como a deputada Érika Hilton (PSOL-SP) e celebridades, como a cantora Anitta.

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Impulsionados pela polêmica, usuários das plataformas resgataram as roupas usadas por atletas brasileiros desde os Jogos Olímpicos de 2000 em Sidney, na Austrália, e perceberam que o estilo simplório sempre foi a tônica dessas peças.

Para a abertura, que será na próxima sexta-feira (26), e para o encerramento dos Jogos Olímpicos, a equipe brasileira vai usar peças assinadas pela empresa nacional de moda rápida Riachuelo.

Ao se depararem com os uniformes do Time Brasil desde as Olimpíadas de Sidney, usuários expressaram descontentamento com o que descrevem como uma "simplicidade" excessiva e uma falta de investimento adequado nos uniformes dos atletas, levantando questões sobre a representatividade cultural nas escolhas de design.

Houve críticas relacionadas à repetição temática nos designs, uma pegada "bossa nova" (confira abaixo). Também foram feitas observações sobre a mensagem transmitida pelos uniformes. No caso brasileiro, na análise dos internautas, ao invés de transmitir respeito ao adversário e empoderar atletas, as roupas deixam os competidores com cara de "bonzinhos".

Chamou ainda a atenção que o uniforme da equipe do Brasil foi repetido em Tóquio 2020, realizado em 2021.

Uniformes do Brasil em outras Olimpíadas

Sidney, 2000

Reprodução X - Uniforme do Time Brasil em Sidney, na Austrália, em 2000

Atenas, 2004

Reprodução X - Uniforme do Time Brasil em Atenas, na Grécia, em 2004

Pequim, 2008

Reprodução X - Uniforme do Time Brasil em Pequim, na China, em 2008

Londres, 2012

Reprodução X - Uniforme do Time Brasil em Londres, na Inglaterra,em 2012

Rio de Janeiro, 2016

Reprodução X - Uniforme do Time Brasil no Rio de Janeiro, em 2016

Tóquio, 2020

Reprodução X - Uniforme do Time Brasil em Tóquio, no Japão, em 2021

Anitta destaca falta de valorização

A cantora Anitta se juntou ao coro dos descontentes com as roupas produzidas pela Riachuelo para os atletas brasileiros para as Olimpíadas de Paris 2024. A cantora usou suas redes sociais para expressar sua opinião sobre as peças de roupas, afirmando que elas simbolizam a falta de valorização dos esportistas no Brasil.

“Acho que o look representa exatamente como o atleta é tratado no país. Sem estrutura, sem oportunidades, desvalorizado. O atleta no Brasil é um grande vencedor só por resistir na decisão de ser atleta. Acho que o look veio pra reafirmar exatamente isso, como que o atleta precisa ser guerreiro e passar por poucas e boas pra seguir seu sonho,” escreveu Anitta.

Reprodução Instagram

Érika Hilton compara roupas a 'prato vazio'

A deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP) também não gostou das roupas feitas pela Riachuelo para o Time Brasil das Olimpíadas de Paris.

A parlamentar destacou o seu interesse na intersecção entre moda e política e pondero que gostaria de evitar falar sobre o tema "na esperança de que um milagre acontecesse até sexta e mudassem de ideia. Mas os looks pra abertura das Olimpíadas de Paris são simplesmente horrorosos."

"É sério, não dá pra ver aquilo e pensar que é isso que deve vestir os maiores atletas do nosso país na maior competição esportiva do mundo. A maioria das nações participantes e seus Comitês Olímpicos tentam dizer algo nessas ocasiões, com os designers que contratam e com os materiais utilizados. Tentam projetar poder, história, cultura e identidade em um palco global. Isso é um empobrecimento estético da nossa nação promovido por uma marca e uma organização nacionais. Não há referencial válido naquelas peças à qualquer uma das nossas múltiplas identidades culturais", pontuou.

Érika comentou ainda que o que representa o Brasil no look é um bordado escrito "Brasil". Ela comparou as peças a uma competição de culinária internacional na qual o representante brasileiro apresentasse um prato vazio, com "Brasil" escrito em chantilly.

Ela também refuta a explicação de que o traje teria o objetivo de agradar o público evangélico."Fui evangélica e sei que esse look não agrada esse público, as mulheres evangélicas podem até se vestir com um saião no culto, mas elas são humanas, tem vaidade, tem vida social pra além do culto e tem suas identidades próprias", lembrou.

"No fim das contas, o que esse look projeta, internacionalmente, é o que a empresa e a organização projetam, para si mesmas, o que é o Brasil: Nosso país, tão rico em povos, identidades e culturas, pra eles é um país vazio, de cores insossas e formas incaracterísticas, e que não precisa de nada mais além do básico. Por fim, que nossos atletas não se deixem levar pelo descompromisso da organização e empresa responsáveis por essas roupas com o próprio País, e vençam muito nessas olimpíadas. Porque uma medalha salva qualquer look!", finalizou.

Estilo Bossa Nova

O estilo Bossa Nova na moda reflete o espírito do gênero musical que surgiu no final dos anos 50 e início dos anos 60 no Brasil, conhecido por sua elegância descomplicada e charme sutil. Este estilo de moda, como a música, é marcado por uma abordagem minimalista, sofisticada e profundamente enraizada no contexto cultural e estético do Rio de Janeiro.

Pode-se dizer que o estilo Bossa Nova oferece uma  celebração da beleza sem esforço, da elegância natural e da cultura vibrante do carioca, tudo embalado em uma estética que valoriza o conforto, a funcionalidade e a sofisticação tranquila.

Simplicidade com Elegância: A moda inspirada na Bossa Nova favorece cortes limpos e designs simples. As roupas são despretensiosas, mas carregam um refinamento natural, sem excessos de adornos ou detalhes complexos.

Conforto e Fluidez: As peças são confortáveis e feitas para se moverem graciosamente com o corpo. Tecidos leves, como algodão, linho e seda, são comuns, permitindo que as roupas ondulem suavemente ao sopro da brisa, evocando a atmosfera litorânea do Rio.

Cores Neutras e Tons Pastéis: A paleta de cores tende a ser suave e subestimada, com uso predominante de branco, bege, azul claro e outros tons pastéis. Essas cores ajudam a criar um visual limpo e arejado, que é sinônimo de relaxamento e sofisticação.

Influências Tropicais e Urbanas: Embora a Bossa Nova seja essencialmente urbana, a moda associada a esse estilo muitas vezes incorpora elementos tropicais. Estampas sutis e motivos que remetem à flora e fauna brasileiras podem adornar as roupas, mas sempre de maneira discreta e estilizada.

Moda Praia Chique: A proximidade da Bossa Nova com as praias do Rio de Janeiro influencia diretamente a moda, com peças que transitam perfeitamente entre o casual e o elegante. Biquínis, maiôs, túnicas e caftans são estilizados para refletir um luxo descomplicado.

Acessórios Minimalistas: Os acessórios são usados com moderação. Sandálias de tiras, chapéus de palha e óculos de sol grandes complementam o visual sem sobrecarregar. Os acessórios escolhidos geralmente são de cores neutras ou naturais, harmonizando-se com o restante do traje.

Influência dos Anos 60: Há uma clara reminiscência dos anos 60 nas silhuetas e estilos, refletindo a época de ouro da Bossa Nova. As roupas podem ter um toque retro, mas com uma interpretação moderna que mantém o visual atemporal.