Peru vive noite de caos com renúncia de ministros, repressão e manifestantes mortos

Imprensa local reporta ao menos dois falecidos em Lima, mas também há relatos de desaparecidos, entre os que se manifestavam contra governo que assumiu após destituição de Vizcarra, considerado ilegítimo

Foto: Twitter
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A crise política iniciada no Peru após destituição do ex-presidente Martín Vizcarra teve seu dia mais sangrento – ao menos até agora – neste sábado (9), em que os protestos em Lima e outras grandes cidades do país, novamente massivos, foram cruelmente atacados pelas forças de segurança do país, com resultados a lamentar: ao menos duas pessoas faleceram na capital do país e há vários relatos de desaparecidos.

Nas redes sociais, várias organizações reclamaram de uso indiscriminado de gás lacrimogêneo e balas de dispersão (de chumbinho, chamadas “perdigones”) por parte das forças policiais peruanas, e algumas organizações civis, especialmente a Defensoria Pública do Peru, utilizaram as redes sociais para mostrar imagens comprovando que os ataques policiais se iniciaram em meio a uma manifestação pacífica, reforçando o caráter autoritário da ação.

https://twitter.com/flightofstill/status/1327827126918262785

Até o momento há dois casos confirmados de pessoas falecidas como resultado da repressão policial. Ambos seriam estudantes de entre 23 e 25 anos de idade e seriam estudantes universitários – as organizações estudantis peruanas estão entre as que mais fortemente têm mobilizado pessoas para os protestos. Contudo, também há dezenas de relatos de pessoas desaparecidas nas redes sociais, e também a partir de denúncias formais realizadas pela Defensoria Pública e outras organizações de defesa dos direitos humanos.

https://twitter.com/Defensoria_Peru/status/1327820326638673922

Tais protestos marcaram o sexto dia seguido de manifestações desde a destituição do agora ex-presidente Martín Vizcarra, definida pelo Congresso na segunda-feira (9), em ação considerada como um golpe de Estado parlamentar por grande parte da população, que considera ilegítimo o novo governo que assumiu desde então, liderado por Manuel Merino – que era justamente o presidente do Congresso, e que liderou a votação na que Vizcarra foi destituído.

Neste mesmo sábado, a crise política no país se aprofundou, com o pedido de renúncia coletivo de nove ministros que eram ligados ao governo de Vizcarra, mas que inicialmente receberam a promessa do novo presidente de que seriam mantidos em seus cargos.

Através das redes sociais, já existe uma campanha com a hashtag #DerechoALaMovilización (“direito à mobilização”), denunciando a repressão deste sábado e convocando uma nova manifestação para este domingo, desta vez também contra a violência policial, além dos questionamentos ao novo governo.