"Será para não incriminar alguém maior?", diz ex-advogado sobre confissão de militar que traficou 39 quilos de cocaína

Carlos Alexandre Klomfhas foi o primeiro jurista a atuar na defesa do sargento Manoel Silva Rodrigues, condenado a seis anos de prisão e pagamento de 2 milhões de euros por traficar 39 quilos de cocaína em avião da comitiva de Jair Bolsonaro

O militar da FAB, Manoel Silva Rodrigues, preso por tráfico internacional de 39 quilos de cocaína (Reprodução)
Escrito en GLOBAL el

O advogado Carlos Alexandre Klomfhas, primeiro jurista a atuar na defesa do sargento da Força Aérea Brasileira (FAB) Manoel Silva Rodrigues, preso com 39 quilos de cocaína em avião da comitiva de Jair Bolsonaro na Espanha, levantou suspeitas sobre a confissão do militar, que resultou em uma pena de 6 anos e 1 dia de prisão e pagamento de multa no valor de 2 milhões de euros – aproximadamente R$ 9,5 milhões – no julgamento ocorrido na cidade de Sevilha nesta segunda-feira (24).

“O condenado confessou. Será que para não incriminar alguém maior?!”, indagou Klomfhas à coluna Radar, da revista Veja.

Segundo reportagem de Javier Martin-Arroyo, no site do jornal El País, Ministério Público de Sevilha inicialmente pediu uma pena de oito anos de prisão e 4 milhões de euros de multa, mas reduziu o pedido para seis anos e 2 milhões porque o militar admitiu os fatos e teria mostrado arrependimento.

As investigações da Guarda Civil apontaram que ele pretendia vender a droga a um intermediário em Sevilha, no sul da Espanha. “A pessoa que me entregou isso no Brasil me disse que seu destino era a Suíça e que eu devia trazê-la para a Europa (…). Eu estava passando por dificuldades econômicas. Estou há 20 anos na FAB e nunca tive nenhum processo, mas um militar no Brasil não tem um salário bom. Sempre compro coisas nas minhas viagens, como celulares, e as revendo para ganhar um extra”, alevou Rodrigues durante o julgamento.

O militar contou que entregaria a droga em um hipermercado de Sevilha na tarde de 25 de junho. “Tinha que ir com roupa de camuflagem, com uma camisa verde, e a outra pessoa me conheceria por uma foto. Marcaríamos no Burger King, e ele me faria um gesto (…). Foi a primeira e única vez em minha vida que fiz uma coisa errada dessas”, afirmou o militar, que se disse “profundamente arrependido”. “Peço perdão ao Estado e ao povo espanhol por colocar isto em seu país (…). O castigo é justo”, acrescentou, segundo a agência EFE