Líbano libera maconha medicinal para enfrentar crise econômica do coronavírus

Crise econômica no país, aprofundada devido à pandemia, levou o governo a atrasar salários de servidores, e a pensar na erva (cujo uso é condenado por muçulmanos mais conservadores) como possível solução

Escrito en GLOBAL el

Diante de uma das maiores crises econômicas da sua história, aprofundada pela pandemia do novo coronavírus, o governo do Líbano decidiu apostar todas as suas fichas em uma solução inusitada: a exportação de maconha, com fins medicinais.

A nova legislação a respeito do cultivo de maconha foi aprovada no país nesta semana, e já começa a valer nesta quinta-feira (23). Segundo meios locais, o governo libanês tem pressa em produzir e comercializar uma versão industrializada da planta, e espera arrecadar até 1 bilhão de dólares com este novo produto de exportação.

A situação econômica do país é realmente preocupante, já que a moeda local (a libra libanesa) perdeu 50% do seu valor com relação ao dólar entre janeiro e março – a maior queda da história. Tal situação levou a um aumento da inflação e da dívida pública, que se tornou o principal problema do país. Tão grande que a administração pública começou a atrasar o salário dos servidores, situação que já seria por si só preocupante, e se torna mais ainda em um cenário de pandemia.

Ainda assim, a notícia também é surpreendente devido a que muitas correntes da religião muçulmana, hegemônica no país e em quase todo o Oriente Médio, condenam o uso de substâncias consideradas “transgressoras”, entre elas a maconha. Segundo o fotógrafo Kareem Azhour, “o mais incrível é a medida ter sido aprovada sem problemas pelo parlamento libanês, que conta com vários membros do Hezbollah, que é um grupo xiita bastante conservador”.