Macri tenta “roubar paternidade” da lei de matrimônio igualitário e é confrontado com seu passado homofóbico

No aniversário de 10 anos da promulgação da lei por Cristina Kirchner, internautas lembraram que partido macrista votou contra o projeto e o próprio Macri disse, quando era presidente do Boca Juniors, que “ser gay é uma doença”

Foto: Prensa Presidencia
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Nesta quarta-feira (15), a Argentina comemora 10 anos da promulgação da lei que tornou legal o matrimônio igualitário no país, promulgado durante o primeiro mandato de Cristina Kirchner. Porém, o ex-presidente e principal líder da direita argentina, Mauricio Macri, não quis ficar de fora da celebração, mesmo sendo ele tão parecido a esses setores da direita brasileira, liberal na economia e conservador nos costumes.

Através das redes sociais, o partido PRO (Proposta Republicana), do qual faz parte, quis “recordar a decisão pioneira de Mauricio Macri que abriu caminho à igualdade”.

Que decisão foi essa? Bom, aqui é que a coisa fica engraçada. Em 2009, antes da aprovação da lei do matrimônio igualitário, uma decisão da juíza Gabriela Seijas considerou legítima a união de Alejandro Freyre e José María di Bello, no que foi o primeiro casamento gay reconhecido legalmente na Argentina. Segundo o macrismo, a “ação pioneira” de Macri a favor dos direitos civis dos homossexuais foi o fato de seu partido, supostamente, não ter apelado na Justiça contra aquela decisão – a publicação do PRO inclusive reproduz o tuíte de Macri anunciando que não iria apelar, como se sua anuência, e por omissão ainda por cima, fosse a razão de aquele direito ter sido alcançado.

Mas a tentativa de “roubar a paternidade” do projeto acabou fracassando, e não só porque a lógica do tuíte macrista se mostrou absurda, mas também porque é falsa.

Naquele então, um promotor de Buenos Aires ligado ao macrismo, chamado Pablo Tonelli, apresentou um recurso na Corte Suprema para que esta se pronunciasse sobre a decisão de Seijas, para permitir que isso não fosse aplicado na cidade de Buenos Aires, cujo prefeito era… Mauricio Macri! O recurso terminou sendo rejeitado, mas sua existência prova que houve sim uma apelação macrista contra aquele casamento.

Além disso, muitos internautas responderam a publicação lembrando que o PRO foi majoritariamente contra o projeto do matrimônio igualitário: na Câmara, 4 deputados do partido votaram a favor e 6 votaram contra. No Senado, toda a bancada votou contra.

Também recordaram uma entrevista de Macri para o jornal Página/12 em 1997, quando era presidente do Boca Juniors e comentou sobre a homossexualidade no futebol. “Ser gay é uma doença. Não falamos de uma pessoa 100% saudável. Para aceitar isso numa equipe, (a pessoa) teria que ser muito respeitosa dos demais jogadores, e ainda assim não sei se será bem visto”, disse o então dirigente esportivo.

Abaixo, alguns tuítes em resposta à mensagem macrista: