Aos 93 anos, ex-vigia de campo de concentração nazista é condenado por tribunal alemão

Imprensa local especula que este seria o último julgamento sobre o Holocausto na Alemanha. O condenado é conhecido apenas como Bruno D., tinha 17 anos na época dos crimes e foi apontado como cúmplice de mais de 5 mil mortes

Bruno D (foto: Europa Press)
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Um Tribunal Juvenil de Hamburgo, no norte da Alemanha, anunciou nesta quinta-feira (23) a condenação de Bruno D., de 93 anos, ex-vigia do campo de concentração de Stutthof, nas proximidades da cidade que na época era conhecida como Danzig (atualmente, se chama Gdansk).

Bruno D. foi apontado como cúmplice de mais de 5 mil crimes de lesa humanidade cometidos naquele campo de concentração, entre agosto de 1944 e abril de 1945. Na época, ele tinha 17 anos, razão pela qual foi julgado por um tribunal juvenil.

Durante quase todo o julgamento, Bruno D. permaneceu com o rosto coberto com uma cartolina azul, e deu poucas declarações. Em uma delas, ele pediu desculpas às vítimas do campo de Stutthof e seus familiares. “Eu gostaria de pedir desculpas àqueles que passaram por esse inferno de loucura, e também aos seus parentes. Algo assim jamais deve se repetir”, disse.

Devido à idade, o condenado recebeu uma pena suspensória, o que significa que não deverá ir à um presídio, mas se considera que seu comportamento foi de cúmplice dos fatos. O tribunal considerou que qualquer pessoa que estivesse na torre de vigia de um campo de concentração pode ser considerado cúmplice das violações de direitos humanos que ocorrem dentro do local.

A sentença acontece 75 anos depois do fim do regime nazista, por isso a imprensa local afirma que este foi, provavelmente, o último julgamento sobre o Holocausto na Alemanha. Recentemente, outros casos semelhantes a este foram arquivados, devido à incapacidade dos réus de responder à Justiça, por questões de saúde ou de idade.

O campo de concentração de Stutthof foi o primeiro a ser construído fora da Alemanha, no ano de 1939. Chegou a abrigar cerca de 115 mil prisioneiros, muitos deles judeus. Segundo os historiadores, mais de 60 mil pessoas foram mortas no local.