Informe revela que Forças Armadas dos EUA operam secretamente em metade dos países da África

Comando África, ligado ao Pentágono, descreve o objetivo de tais missões como “aconselhar, assistir e acompanhar” os processos da região, enquanto organizações locais denunciam supostas colaborações com grupos paramilitares

Escrito en GLOBAL el

Um informe organizado pela organização africana Mail & Guardian, baseada em dados vazados de documentos do Comitê de Serviços Armados do Senado dos Estados Unidos, traz uma lista de 22 países do continente africano onde as Forças Armadas dos Estados Unidos operam, na maioria dos casos de forma clandestina.

As informações foram reconhecidas como verdadeiras pelo Comando África, ligado ao Pentágono, e fazem com que a região seja a segunda do mundo com maior presença militar estadunidense, depois do Oriente Médio.

De acordo com o informe, os países onde os militares norte-americanos estão presentes são: Argélia, Botswana, Burkina Faso, Camarões, Cabo Verde, Chade, Costa do Marfim, Djibouti, Egito, Etiópia, Gana, Quênia, Líbia, Madagascar, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Somália, Tanzânia e Tunísia.

Generais ligados ao Comando África asseguram que as operações nas quais os militares estadunidenses participam no continente são o que se chamaria de “missões AAA”.

“São operações para aconselhar, assistir e acompanhar os processos da região”, afirmou o general Stephen Townsend, chefe do Comando África.

Entretanto, diversas organizações e movimentos sociais que atuam na África denunciam casos nos quais asseguram haver colaboração de militares estadunidenses com grupos paramilitares de diferentes países. Também há suspeitas de que alguns dos governos que contam com o apoio desses contingentes estariam usando os militares americanos para cometer crimes, aproveitando a presença dos Estados Unidos para legitimar tendências autoritárias, argumento que é apoiado por diversos especialistas citados pela mídia africana.

Um dos exemplos dessa situação vem de Burkina Faso. Em julho, a organização Human Rights Watch citou evidências do envolvimento de forças militares desse país em ações de repressão em áreas residenciais de grandes cidades, e também mostrou que os militares dos Estados Unidos são responsáveis pelo treinamento de operações de contra insurgência do exército burquinense.