Facebook exclui páginas de consultora dos EUA que difundia fake news para a direita latino-americana

Empresa CLS Strategies estaria diretamente ligada a uma rede de propinas no México, e também teria relação com o golpe na Bolívia, os grupos anti-Maduro na Venezuela e governos de extrema-direita na Colômbia e em Honduras

Jeanine Áñez e Juan Guaidó (foto: TeleSur)
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O Facebook decidiu, nesta quinta-feira (3), eliminar todas as contas da empresa estadunidense CLS Strategies, medida tomada após suspeita de que elas estariam sendo usadas para operar uma rede de sites de divulgação de informações falsas, com o objetivo de favorecer políticos de direita em países como México, Venezuela e Bolívia.

Em comunicado, a rede social informou que “foram eliminadas 55 contas do Facebook, 42 ??páginas e 36 contas do Instagram vinculadas à empresa americana de comunicação estratégica CLS Strategies. Essa rede estava focada principalmente na Venezuela, mas também tinha vínculos no México e na Bolívia. Encontramos essa atividade como parte de nossa investigação proativa sobre supostos comportamentos não autênticos coordenados na região”.

O informe apresentado pelo Facebook observa que a rede operada pela CLS Strategies parecia estar focada em eventos políticos e no calendário eleitoral dos países mencionados.

“As páginas e contas vinculadas (à empresa) publicavam conteúdo em apoio à oposição política na Venezuela e ao governo interino na Bolívia, e críticas ao partido Morena, do qual faz parte o atual presidente do México (Andrés Manuel López Obrador)”, diz o documento.

O informe também aponta que a rede teria investido “cerca de 3,6 milhões de dólares” em publicidade no Facebook para divulgar as informações falsas.

Entre as pessoas envolvidas no esquema está Peter Schechter, um dos três sócios que compõem a CLS Strategies (empresa conhecida como Chlopak, Leonard, Schechter & Associates até 2014) e figura ligada à oposição venezuelana, sendo um dos responsáveis por diversas iniciativas em redes sociais e outros espaços de mídia. Também foi vice-presidente do Conselho do Atlântico, organização que apoia o líder opositor venezuelano Juan Guaidó, e o considera “presidente interino” do país.

A empresa também foi contratada para ajudar a promover o governo da ditadora Jeanine Áñez, imposta pelos militares na presidência da Bolívia após o golpe de Estado contra Evo Morales, em novembro de 2019.

Em 11 de dezembro, a CLS Strategies supostamente apresentou um documento ao Departamento de Justiça no qual declarava que cobrou 90 mil dólares para “fornecer assessoria em comunicações estratégicas” ao governo de Áñez. O contrato teria incluído “a criação e distribuição de materiais de comunicação, interação com os meios de comunicação e prestação de serviços de comunicação”.

Meios estadunidenses também afirmam que a CLS teria atuado a favor de vários governos de direita na América Latina, como os Álvaro Uribe na Colômbia, e de Roberto Micheletti em Honduras - que, assim como Áñez, também assumiu o poder após um golpe de Estado militar, só que 10 anos antes, em 2009.

Por enquanto, ainda não há indícios de ligação da CLS com partidos ou movimentos de direita e extrema-direita no Brasil. Mas, quem sabe, essas podem ser revelações reservadas para as cenas dos próximos capítulos.