New York Times: Bolsonaro quer "melar" eleição de 2022 com ajuda de Trump

Jornal mais influente dos EUA alerta para a estratégia do presidente brasileiro, ditada pelo ex-ocupante da Casa Branca, para comprometer a lisura da corrida ao Palácio do Planalto no próximo ano

Foto: Donald Trump, Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro (Presidência da República)Créditos: Presidência da República
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O mais influente diário dos EUA, o The New York Times, publicou uma matéria nesta quinta-feira (11) mostrando que o presidente Jair Bolsonaro está adotando toda a cartilha de Donald Trump, o ex-ocupante da Casa Branca, para tentar “melar” a eleição de 2022. Em meio ao derretimento de sua popularidade, o líder extremista brasileiro segue os passos de seu ídolo norte-americano visando ao comprometimento do pleito, para assim se sobressair, aponta a reportagem.

O texto começa relatando uma conferência onde são reproduzidas falas de Trump e menções à China, sobre suposta interferência na disputa eleitoral, mas o autor da matéria, Jack Nicas, explica que aquilo não está ocorrendo numa reunião política dos ultraconservadores estadunidenses, mas sim no Brasil, durante um ato em apoio a Bolsonaro.

Nicas mostra como as manobras do ex-mandatário de extrema direita dos EUA estão sendo aplicadas no Brasil e diz que essa pode ser a tônica da influência do Tio Sam no gigante do sul do continente.

“Logo após sair dos ataques aos resultados da eleição presidencial dos EUA, em 2020, o ex-presidente Donald Trump e seus aliados estão exportando sua estratégia para a maior democracia da América Latina, trabalhando para apoiar a candidatura de Bolsonaro à reeleição no próximo ano - e ajudando a semear dúvida no processo eleitoral, caso ele seja derrotado”, diz um trecho.

A publicação fala ainda do uso reiterado de um procedimento habitual do homem derrotado por Joe Biden no fim do ano passado, que é mencionar o tempo todo “os comunistas”, fazendo desse espantalho ideológico o culpado por todos os fracassos de sua administração.

Nicas aponta que a importância do Brasil para ideólogos extremistas de direita norte-americanos dá-se por conta da dimensão do país e de sua hegemonia na América do Sul, uma vez que somos a sexta maior nação do mundo, com 212 milhões de habitantes e uma massa de eleitores cada vez mais caminhando para as hostes ultrarreacionárias do conservadorismo.

O NYT frisa também que, diante do isolamento internacional total, do derretimento de sua imagem junto aos eleitores no cenário interno e nitidamente em desvantagem nas pesquisas para a próxima corrida eleitoral, a ajuda dos radicais dos EUA cai como uma luva para Jair Bolsonaro, que está em situação difícil em todas as esferas políticas.

Alguns elementos e exemplos dessa interferência dos ultrarreacionários no processo político brasileiro são destacados na reportagem de Nicas.

Steve Bannon, o ex-estrategista-chefe de Trump, disse que o presidente Bolsonaro só perderá se "as máquinas" roubarem a eleição. O deputado Mark Green, um republicano do Tennessee que promoveu leis de combate à fraude eleitoral, se reuniu com legisladores no Brasil para discutir “políticas de integridade de voto”, explica o repórter, citando igualmente o estreitamento de relações entre Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, com figuras da cúpula trumpista.

O filho 03 do mandatário da direta radical brasileira, aliás, é citado em outros momentos da matéria por ser um fiel defensor da estapafúrdia ideia de que “as máquinas”, ou seja, as urnas eletrônicas, serão o ponto-chave para uma fraude nas próximas eleições, prejudicando seu pai, algo que jamais ficou sequer provado com qualquer indício.

No fim, o NYT relembra que Jair Bolsonaro foi eleito em 2018 na mesma onda reacionária avassaladora que varreu os EUA e outros países mundo afora, ainda que o cenário atual seja totalmente distinto daquele de três anos atrás.