Lula é recebido como chefe de Estado pelo presidente da França, Emmanuel Macron

Durante sua viagem pela Europa, petista encontrou-se com o o futuro chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e ainda se reunirá com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez

Lula na Sciences Po, na França | Foto: Marcelo Prest/Revista Fórum
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O ex-presidente Lula (PT) foi recebido, na manhã desta quarta-feira (17), pelo presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Elysée, residência oficial do mandatário europeu. A chegada do petista foi precedida de uma marcha da guarda francesa, honraria para receber chefes de Estado.

Desafeto de Jair Bolsonaro, Macron discutirá com Lula um futuro acordo entre América Latina e União Europeia, segundo informou o ex-presidente. Durante sua viagem pela Europa, o petista encontrou-se com o o futuro chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e ainda se reunirá com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.

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Relação conturbada com Bolsonaro

Macron e Bolsonaro já trocaram farpas diversas vezes, principalmente em relação à proteção do meio-ambiente e da Floresta Amazônica. Antes mesmo de assumir a presidência, Bolsonaro foi alvo de questionamentos por parte de Macron.

Em Buenos Aires, para um encontro no final de 2018, o francês colocou em dúvida o compromisso do Brasil na questão ambiental.

Durante a cúpula do G7, em 2019 na França, Macron deixou o Brasil de fora e convidou o Chile como o interlocutor latino-americano. Dias depois, em um ataque pouco elegante, Bolsonaro fez críticas a Brigitte, esposa do presidente francês.

Macron também irritou Bolsonaro ao falar da internacionalização da Amazônia, caso os líderes da região não tomassem medidas para protegê-la. Em resposta, o presidente afirmou em seu primeiro discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, ser "uma falácia dizer que a Amazônia é patrimônio da humanidade”.

Discurso na França

Durante discurso realizado nesta terça-feira (16) no no Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po), o ex-presidente Lula criticou o neoliberalismo, defendeu a reconstrução do Brasil, o reestabelecimento de laços do país com o mundo e pregou uma governança global democrática. Durante passagem pela Europa, Lula tem sido cortejado como um verdadeiro chefe de Estado e chegou a ser aplaudido de pé no Parlamento Europeu, na segunda-feira (16).

“Havíamos interrompido um ciclo de políticas econômicas neoliberais, de encolhimento do estado e privatização sem critério. Contrariamos poderosos interesses econômicos, financeiros e geopolíticos dentro e fora do Brasil. Foi para interromper aquele projeto de país soberano e retomar o ciclo neoliberal que mentiram ao país até levar um governo autoritário e obscurantista à presidência da República”, disse Lula.

O ex-mandatário participou da conferência ‘Qual o lugar do Brasil no mundo de amanhã?’, no marco dos dez anos do título de Doutor Honoris Causa recebido por Lula na Sciences Po.

“O processo de destruição nacional em curso no Brasil só poderia ser conduzido por um governo antidemocrático, nu país envenenado pela indústria das fake news e em que a oposição é excluída dos debates nos grandes meios de comunicação”, prosseguiu. O ex-presidente criticou duramente o ministro da Economia, Paulo Guedes, classificando-o como um “mentiroso maior que Bolsonaro”

Além de fazer uma avaliação do cenário brasileiro, Lula disse que o mundo regrediu na última década e que é preciso buscar soluções conjuntas para salvar o planeta.

“Será que teremos de esperar a próxima crise para voltar a falar sobre a necessidade de uma governança global democrática? Até quando a ganância dos ricos, o isolacionismo dos governos e o individualismo vão prevalecer sobre os interesses do planeta e da humanidade?”, questionou o ex-presidente.

Leia a íntegra do discurso aqui.