Senado chileno barra impeachment de Piñera

O processo contra o presidente do Chile foi motivado pelo escândalo do Pandora Papers

Jair Bolsonaro e Sebastián Piñera (foto: Agência Uno)
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O Senado do Chile rejeito o processo de impeachment contra o presidente Sebastián Piñera. A oposição não conseguiu 29 votos de um total de 43 para prosseguir com a chamada "acusação constitucional".

O processo de impeachment contra o presidente Piñera foi aberto pela Câmara dos Deputados após a revelação do Pandora Papers, onde foi revelado que a família do presidente vendeu ações que tinha no megaprojeto de mineração Dominga numa transação que ocorreu em 2010, poucos meses depois que Piñera tomou posse, o que é proibido por lei.

Todavia, a oposição conta com apenas 24 cadeiras no Senado, dessa maneira, a denúncia não foi adiante e foi arquivada nesta terça-feira (16).

Presidentes da América Latina também são alvos do escândalo dos Pandora Papers

O escândalo dos Pandora Papers atingiu não somente autoridades brasileiras, principalmente ligadas ao governo de Jair Bolsonaro. Três atuais presidentes e nada menos do que 11 que já deixaram seus cargos na América Latina utilizaram de paraísos fiscais ao longo dos anos. Integram a lista 90 políticos de alto escalão, congregações religiosas e artistas de fama mundial, bilionários.

O fato em comum que os une é que todos são de direita ou extrema direita. As reportagens do Pandora Papers foram reveladas pelo jornal espanhol El País.

Catorze dos 35 presidentes ou ex-presidentes citados nos documentos pertencem à América Latina. Entre eles, se destacam três ainda com mandatos: o chileno Sebastián Piñera, o equatoriano Guillermo Lasso e o dominicano Luis Abinader.

Entre os outros 11 latinos, aparecem os colombianos César Gaviria e Andrés Pastrana; o peruano Pedro Pablo Kuczynski; o paraguaio Horacio Cartes; e os panamenhos Juan Carlos Varela e Ricardo Martinelli.

Os documentos, então secretos, mostram negociações offshore do rei da Jordânia, dos presidentes da Ucrânia, Quênia e Equador, do primeiro-ministro da República Tcheca e do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

Às vésperas da eleição presidencial

O que chama atenção no caso chileno é que, caso o processo fosse adiante, Piñera seria afastado a cinco dias da realização da eleição presidencial do Chile, que ocorre neste domingo (21).

Chile: pesquisas indicam vitória da esquerda no 2º turno

No próximo dia 21 de novembro o Chile vai às urnas e deve ficar dividido entre a esquerda e a extrema direita.

Neste momento, o candidato José Antonio Kast, do Partido Republicano, de extrema direita, e Gabriel Boric, da Convergência Social, de esquerda, estão empatados tecnicamente.

Segundo o instituto Pulso Ciudadano, que publicou pesquisa neste domingo (31), Kast tem 26,5% dos votos, e Boric 25%. Em terceiro lugar aparece a senadora democrata cristã Yasna Provoste, com 12,1%.

Todavia, neste momento Antonio Kast, que foi apelidado de “Bolsonaro chileno” por conta de suas posições anti-LGBT, perderia no segundo turno: Boric aparece com 42,9% e Kast com 36,8%.

Outra pesquisa, também divulgada no domingo, aponta cenário semelhante. De acordo com o levantamento da Plaza Pública Cadem, Kast aparece com 23% dos votos e Boric com 20%.

Por sua vez, pesquisa divulgada pelo Instituto Activa mostra situação de empate entre Kast e Boric no primeiro turno e uma vantagem de 6 pontos da esquerda sobre a extrema direita no segundo turno.

O instituto mostra que, neste momento, Boric tem 32,9% das intenções de votos, e Kast tem 32,8%.

Se o segundo turno fosse hoje, Boric teria 42,9% e Kast 36,8%.

O segundo turno acontece no dia 19 de dezembro.