"Necropolítica de Bolsonaro é um crime contra a humanidade", diz deputado no Parlamento Europeu

Constrangido, embaixador brasileiro na União Europeia, Marcos Galvão, pediu para eurodeputados deixarem "a política para depois". "A prioridade é vacina, vacina e vacina. Não tem outra forma de sair desse desastre"

Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)
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O presidente brasileiro Jair Bolsonaro (Sem partido) foi motivo de escracho em audiência convocada nesta quinta-feira (15) no Parlamento Europeu para analisar a crise brasileira diante da pandemia do coronavírus. Deputados de diversas nacionalidades e posições políticas criticaram duramente a gestão de Bolsonaro, culpando-o pelas mortes e deixando constrangido o embaixador brasileiro na UE, Marcos Galvão. As informações são de Jamil Chade, no Portal Uol.

"Vamos dizer claramente: a necropolítica de Bolsonaro é um crime contra a humanidade contra o povo brasileiro", afirmou o deputado espanhol Miguel Urban Crespo, um dos fundadores do partido de esquerda Podemos, que ressaltou ainda que o presidente brasileiro declarou "guerra aos pobres, à ciência, à vida e à medicina" e que é uma "autêntica vergonha" a UE negociar acordos comerciais com o governo brasileiro.

"Hoje o Brasil é o epicentro da pandemia. O país tem 3% da população mundial, mas tem 12% das mortes e 10% dos contágio", disse, afirando ainda que o Brasil se encontra à beira de um colapso.

Anna Cavazzini, eurodeputada pelo Partido Verde da Alemanha e vice-presidente da delegação do Parlamento Europeu para assuntos relacionados ao Brasil, disse que o que acontece no Brasil é uma "tragédia". "Mas poderia ter sido evitada por ser baseada em decisões políticas equivocadas". "Se Bolsonaro nega a crise e coloca medidas que impedem a ação contra a pandemia, para onde é que o dinheiro vai?", indagou.

Nascido em Caracas, na Venezuela, mas com nacionalidade espanhola, Leopoldo López Gil, do Partido Popular, e a eurodeputada Clara Aguilera, do Partido Socialista Operário Espanhol, classificaram a situação brasileira como uma "tragédia". Aguilera ainda afirmou que o auxílio emergencial é "mais marketing que realidade".

Declarando-se "um servidor público na democracia", Marcos Galvão disse que não falaria de "responsabilidades" - "temos instituições sólidas que poderão fazer isso" - e pediu que "se deixe a política para depois".

"A prioridade é vacina, vacina e vacina. Não tem outra forma de sair desse desastre", disse o embaixador. "Estamos correndo contra o relógio para salvar vidas".