Hungria aprova lei que associa o crime de pedofilia às LGBT

O país terá eleições em 2022 e pela primeira vez, desde 2010, a oposição, que se juntou em uma grande frente, está empatada com o partido de Orbán

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O parlamento da Hungria aprovou nesta terça-feira (16) uma lei que proíbe livros, literários e didáticos, que tenham conteúdo LGBT ou que versem sobre identidade de gênero. Além disso, a lei aprovada proíbe palestra escolares sobre questões LGBT.

A base de apoio ao governo fundamentalista e de extrema direita do primeiro-ministro Viktor Orbán, colocou como justificativa no texto da lei que se trata de "combater o crime de pedofilia".

Após a aprovação da lei, milhares de pessoas tomaram as ruas de Budapeste e de outras regiões da Hungria. Grupos de Direitos Humanos e o Parlamento Europeu pediram para que o Fidesz, partido de Orbán, retirasse o projeto de pauta, o que foi ignorado.

A embaixada dos Estados Unidos em Budapeste emitiu comunicado onde afirma estar "profundamente preocupada" com a perseguição às LGBT promovida pelo governo de Orban.

“Os Estados Unidos defendem a ideia de que os governos devem promover a liberdade de expressão e proteger os direitos humanos, incluindo os direitos dos membros da comunidade LGBTQI +”, disse o órgão em um comunicado em seu site.

A lei aprovada na Hungria tem como fonte de inspiração lei similar aprovada na Rússia em 2013 que, assim como o texto húngaro, proíbe conteúdo LGBT e também justifica estar numa cruzada contra a pedofilia. Texto semelhante também foi aprovado na Polônia. Dessa maneira, a manifestação pública de LGBTs nos três países está criminalizada.

Viktor Orbán está no poder desde 2010 e, desde então, o seu partido venceu toda as eleições por conta de uma oposição fragmentada. A defesa da "família tradicional" e de um "Estado cristão" tem sido a base de seus governos e, até aqui, lhe tem garantido sucessivas vitórias políticas.

Porém, pela primeira vez desde 2010, a oposição se juntou em uma grande frente para disputar as eleições, que ocorrem no ano que vem. As primeiras pesquisas indicam empate entre o Fidesz e a frente oposicionista, o que é um cenário inédito e que pode marcar o fim do período obscurantista da Hungria.

Com informações da Reuters.