No último domingo (15) o Talibã tomou o Palácio Presidencial e assumiu o controle do país. Desde então, segundo informações de portais in loco, mulheres estão trancadas em casa com medo.
Porém, com o objetivo de afastar o radicalismo que marcou a primeira gestão do Talibã (1996-2001), quando mulheres foram proibidas de estudar, trabalhar e participar da vida pública, um dos líderes do grupo, Mawlawi Abdulhaq Hemad deu uma entrevista para a jornalista Behesta Arghand, para o canal afegão Tolo News.
A cena foi classificada como algo inédito: uma jornalista mulher e afegã entrevistando um líder do Talibã.
O Talibã dar entrevistas não é uma novidade, pois, o grupo concede entrevistas para a CNN e outras mídias, mas ser interpelado por uma mulher afegã, é algo inédito.
Durante a conversa, a jornalista perguntou sobre a condição das mulheres que, neste momento estão trancadas em casa e “com medo”.
"O mundo inteiro agora reconhece que o Talibã são os verdadeiros governantes do país. Ainda estou surpreso que as pessoas tenham medo de Talibã".
De acordo com o New York Times, a entrevista faz parte de um esforço do grupo em se apresentar como "mais moderado" perante o mundo.
"O Emirado Islâmico não quer que as mulheres sejam vítimas. Elas devem voltar ao trabalho e devem estar na estrutura governamental, de acordo com a lei Sharia", declaro em comunicado Enamullah Samangani, membro da Comissão de Cultura do Talibã em comunicado divulgado logo após a tomada de Cabul.
Todavia, a ideia de que o Talibã adote uma posição mais moderada em torno dos direitos das mulheres ainda é visto com "muito ceticismo" pelos observadores internacionais e ainda não está claro como seria a participação de mulheres no governo "de acordo com a lei Sharia".
A Tolo News é um canal de mídia independente e, desde que o Talibã assumiu o controle do país, substituiu a segurança privada do canal por homens do grupo.
Ao NYT, o presidente-executivo do Moby Media Group, Saad Mohseni, disse que o Talibã "foi profissional e educado", mas que ele acredita que o conteúdo do canal deve "enfrentar eventual censura".