TERROR

Segurança ficou seis meses sequestrado para servir como “escravo de sangue”

História macabra e de contornos surreais alertou as autoridades de todo mundo para mercado clandestino de material biológico. Com os braços já dilacerados, criminosos extraíam fluído da cabeça

O segurança Li, no hospital se recuperando, fala com a família (Beijing Youth Daily/Reprodução).
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Um homem chinês que trabalhava como segurança no Camboja, país do Sudeste Asiático, foi atraído por uma excelente oferta de emprego vista na internet, em agosto de 2021, e resolveu se candidatar para a vaga. O que ele não sabia é que a esperança de um novo salário se converteria num pesadelo macabro que durou seis meses.

Identificado apenas pelo sobrenome Li, a vítima de 31 anos foi ao local indicado no anúncio, mas lá foi rendido por uma quadrilha, que o amordaçou e o deixou imóvel. Transportado da capital Phnom Penh para um outro local na cidade litorânea de Sihanoukville, o segurança passou a ter seu sangue retirado para ser vendido no mercado clandestino de material biológico que opera em alguns países do Oriente.

Em geral, por orientações médicas, um doador de sangue só pode ter extraído 450 ml do fluído a cada três meses, no caso dos homens, para que a retirada não implique em problemas hemodinâmicos que podem levar até à morte. No caso de Li, seus algozes retiraram 800 ml mensais e a polícia suspeita que até quantidades maiores podem ter saído das veias da vítima.

No começo deste mês, um membro do bando se sensibilizou com as condições precárias de saúde do chinês e resolveu colaborar para que ele fugisse do cativeiro. De tanto ter o sangue roubado, Li já apresentava lacerações nos braços, fazendo com que os criminosos retirassem o líquido por meio de agulhas colocadas em sua cabeça.

Uma reportagem do diário britânico Daily Mail informa que a vítima primeiramente teria sido “vendida” por US$ 18.500 para "trabalhar" com uma gangue que aplicava golpes de telemarketing, mas que ao se mostrar ineficiente para o “serviço”, seus sequestradores o passaram então para a macabra condição de “escravo de sangue”.

Internado num hospital de Phnom Penh, e com assistência das autoridades diplomáticas da China, Li se encontra em condições estáveis, mas os médicos afirmaram ao jornal South China Morning Post que ao chegar à unidade de saúde ele apresentava falência de múltiplos órgãos.

Não se sabe ao certo, visto que não há dados dos governos desses países asiáticos, quantas pessoas são vítimas por ano de atividades criminosas que alimentam o mercado clandestino de material biológico, como a extração de sangue e de órgãos, mas o caso do chinês que veio à tona há duas semanas acendeu o sinal de alerta das polícias de todo mundo para esse tipo de atividade.