O presidente Pedro Castillo derrotou pela segunda vez a oposição de direita no Congresso peruano, que não conseguiu votos suficientes para aprovar pedido de impeachment contra ele.
Após mais de cinco horas de debate, o Congresso não ultrapassou o limite dos 87 votos necessários para expulsar o presidente, de esquerda, de um total de 130 legisladores do Parlamento unicameral.
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Parlamentares de direita acusavam o presidente de “incapacidade moral” para exercer o cargo.
A mesma acusação já levou à destituição de dois presidentes nos últimos anos: o de Pedro Pablo Kuczynski, em 2018, e de Martín Vizcarra, em 2020.
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Acusações baseadas na mídia
Castillo disse em sua breve defesa que sua luta “não é para se prender ao poder”, e destacou que sempre respeitou “os princípios que lhe ensinaram quando criança”. Ele rejeitou os argumentos da oposição para seu impeachment e afirmou que as acusações contra ele foram baseadas em reportagens da mídia, sem qualquer “corroboração”.
"A vacância promovida é por incapacidade moral permanente. Todos sabem que não há um único elemento que a sustente validamente", disse. "Infelizmente, a vacância (processo de impeachment) se tornou o eixo central da agenda política e jornalística desde minha eleição; isso não pode continuar. Por não ter provas e argumentos sólidos, foram acrescentados elementos que ainda estão sob investigação."
Castillo se referia a uma megaoperação, horas antes, realizada pelo Ministério Público nas casas de ex-funcionários e parentes de Castillo, investigados por suposta corrupção. O empresário Marco Antonio Zamir Villaverde, investigado pela licitação irregular de uma obra pública, foi preso, além de outros dois suspeitos. Entre os investigados estão ainda o ex-secretário do Palácio do Governo, Bruno Pacheco, e dois sobrinhos de Castillo, que não foram encontrados.
Tentativas consecutivas
Esta é a segunda moção de vacância em oito meses contra Castillo, que assumiu em julho do ano passado. Em dezembro, o Congresso já havia rejeitado uma medida semelhante. No plenário, seu advogado destacou que os argumentos da primeira e segunda moções eram os mesmos.
Durante o debate no Congresso, centenas de pessoas se manifestaram do lado de fora do Palácio Legislativo, em Lima, a favor e contra o impeachment de Castillo. A polícia teve que instalar uma cerca de metal para evitar confrontos entre os dois lados.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos expressou preocupação, na semana passada, com o uso “repetido” do impeachment contra a presidência peruana, que foi usado seis vezes desde 2017, contribuindo para problemas de governança.
Castillo, cujo mandato deve terminar em julho de 2026, já havia rejeitado as denúncias várias vezes e acusou grupos econômicos de buscarem um “golpe” contra seu governo.
Um impeachment paira no ar desde a eleição de Castillo, quando seus adversários denunciaram uma suposta fraude, apesar do aval à sua vitória pela Organização dos Estados Americanos (OEA), União Europeia e Estados Unidos.
Com informações de agências internacionais