GUERRA NA UCRÂNIA

Biden agiu como um agente provocador desde o começo, diz pesquisador

O editor e pesquisador Hugo Albuquerque também afirma que hoje a OTAN funciona como um “braço armado dos EUA”

Créditos: Foto: reprodução/ Youtube
Escrito en GLOBAL el

Em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta quinta-feira (3), o pesquisador e editor da revista Jacobin e da editora Autonomia Literária, Hugo Albuquerque, apresentou uma análise sobre o conflito entre Rússia, EUA e Ucrânia que tem início em dezembro do ano passado com o início das operações do gasoduto submarino Nord Stream II.

“A coisa começou esquentar em dezembro por causa da certificação e início das operações do gasoduto submarino Nord Stream II. Posto isso, a guerra é sempre imponderável. O início da operação foi mais rápido do que todo mundo imaginava. Mas, o tipo da operação russa contradisse o que é o histórico da ação militar russa desde o Exército Vermelho.  Todo mundo esperava um uso maior de artilharia, esperavam um emprego maior da aviação de combate e o que aconteceu foi um ataque de mísseis usando a nova tecnologia de mísseis da Rússia e uma insistência de dominação por terra, fez uma estratégia por colunas e blindados”, disse Hugo Albuquerque. 

Em seguida, Albuquerque, que também atua como advogado e pesquisa sobre a Rússia há mais de 10 anos, declarou que provavelmente a estratégia militar da Rússia seja dominar o Mar Negro. 

“Talvez os russos estejam tentando dominar o Mar Negro, só falta cair Odessa, que é uma cidade muito importante, já foi uma cidade mais importante do que é hoje a Ucrânia para que aí se opere a ocupação de Kiev. Ainda assim, acredito que a Rússia está agindo dentro de uma margem de previsibilidade. O que fugiria dessa previsibilidade? Talvez a entrada da OTAN nesse conflito”, comenta. 

Reação da imprensa internacional 

Para o editor da revista Jacobin, o lado russo subestimou a reação da imprensa ocidental. “O lado russo subestimou a capacidade de reação da mídia internacional, motivada, sobretudo, por um apoio ao Joe Biden, e aí é um fator secundário, que não é um apoio a Joe Biden, mas é o temor de que uma derrota de Joe Biden vá conduzir a uma volta dos Republicanos ao poder, o que o establishment europeu não quer. A centro direita e a centro esquerda europeia se alinham com o partido Democrata”, revela. 

O papel desempenhado pelo presidente dos Estados Unidos, desde o início da tensão entre Rússia e Ucrânia, foi o de provocador e não de mediador, segundo a análise feita pelo editor da Autonomia Literária. 

“Em nenhum momento o Joe Biden agiu como mediador, ele agiu desde o primeiro momento como um agente provocador, tirando as alternativas da Rússia e a Rússia foi levada à uma guerra. Isso coloca a Rússia, desde o primeiro momento, em uma posição desfavorável. É como um jogo de xadrez quando você obriga o adversário a fazer um movimento, ele não perdeu uma peça, mas ele fez um movimento que ele queria que você fizesse e a Rússia sabe disso e ela está tentando reverter isso elevando o custo para a Europa, e o custo para a Europa vai ocorrer de duas maneiras: primeiro é o aumento do preço do gás e do petróleo e a chegada de milhões de refugiados ucranianos na União Europeia”, analisa. 

“A Europa que a gente que vê que não é o bastante nem para os seus cidadãos e nem para os países pobres dela, que são massacrados pelas políticas de austeridade econômica há mais de 10 anos, política que tem massacrado os refugiados, maltratado e expulsado os imigrantes. Essa Europa, que não dá conta das questões produzidas naturalmente pelo seu sistema econômica, agora se vê diante da possibilidade de receber milhões de refugiados”, prevê o pesquisador. 

Ainda sobre o papel dos EUA e da OTAN, Albuquerque afirma, citando o filósofo estadunidense Noam Chomsky, que hoje “a OTAN funciona como um braço armado dos EUA”. 

Confira abaixo a entrevista na íntegra.