RELAÇÕES TRABALHISTAS

Trabalhadores da Amazon fazem história e fundam o primeiro sindicato da empresa nos EUA

A gigante do varejo é contra a sindicalização de seus funcionários e afirma que isso “atrapalha” a relação direta entre empresa e trabalhadores

Trabalhadores da Amazon fazem história e fundam o primeiro sindicato da empresa nos EUA.Créditos: Democracy Now
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Os trabalhadores da Amazon em Nova York fizeram história na última sexta-feira (1) e fundaram o primeiro sindicato da empresa. Trata-se de um feito histórico, visto que a empresa é contra a sindicalização de seus funcionários. 

A formação do sindicato foi aprovada com 2.654 votos favoráveis e 2.131 contrários. Com isso, os funcionários do centro de distribuição JFK8 de Amazon do distrito de Staten Island conseguiram superar uma campanha contrária à sindicalização e se juntaram ao Amazon Labor Union. 

A inciativa foi liderada por Christian Smalls, que foi demitido pela Amazon em 2020 por ter organizado uma greve para exigir melhores proteções contra o coronavírus para os trabalhadores da empresa no início da pandemia. Smalls agora atua como presidente interino do Sindicato dos Trabalhadores da Amazon. 

"Bem, agora eu posso dizer-lhe que nós nos jogamos na jugular e conseguimos. Nós nos jogamos na jugular e miramos no topo, porque queremos que todas as outras indústrias, todas as outras empresas, saibam que as coisas mudaram. Vamos nos sindicalizar; não vamos mais deixar nossos empregos. Este é um excelente exemplo da força que as pessoas têm quando se unem", declarou Christian Smalls. 

Contrária à sindicalização, a Amazon emitiu comunicado onde argumenta que o sindicato prejudica as relações diretas entre a empresa e os trabalhadores e "será um salto para o desconhecido e não garante aos trabalhadores melhores salários ou segurança no emprego". 

Amazon quer proibir palavras "sindicato", "trabalho escravo" e "salário digno" entre funcionários

A Amazon, multinacional dos Estados Unidos considerada uma gigante da tecnologia, varejo e e-commerce, possui uma lista de palavras proibidas aos seus funcionários. É o que aponta matéria do repórter Ken Klippenstein, do The Intercept, que teve acesso a documentos internos vazados da empresa. 

Segundo o jornalista, a Amazon está produzindo um aplicativo para funcionar como um chat de funcionários. O objetivo do app seria, segundo os documentos vazados, reduzir o "atrito" entre os trabalhadores. "Nossas equipes estão sempre pensando em novas maneiras de ajudar os funcionários a interagirem uns com os outros”, disse a porta-voz da Amazon, Barbara M. Agrait.

O software, no entanto, teria sido programado para banir alguns termos, entre eles "sindicato", "salário digno", "assédio", "banheiros", "justiça" e até mesmo "vacina". Após a publicação da reportagem, a Amazon negou as denúncias. 

A notícia vem em meio a um movimento, cada vez mais intenso, de sindicalização dos trabalhadores da empresa. A multinacional, com 1,3 milhão de funcionários, é a segunda maior empregadora dos Estados Unidos. Na última sexta-feira (1), trabalhadores de um armazém da Amazon em Nova York aprovaram a formação do primeiro sindicato da história da companhia, após algumas tentativas fracassadas em outros locais. 

Trata-se de uma verdadeira afronta para a empresa, já que ela gastou, segundo o Intercept, US$ 4,3 milhões com a contratação de "consultores anti-sindicais" em 2021. 

Os trabalhadores se movimentam em torno da sindicalização por conta de inúmeras denúncias de violações de direitos trabalhistas e acidentes de trabalho, em um país cuja legislação dificulta a criação de sindicatos. Muitos dos idealizadores do sindicato da Amazon sofreram intimidações e foram demitidos.