TRAGÉDIAS EVITÁVEIS

O que é o “desafio do apagão”, que fez família de menina morta processar o TikTok

Aplicativo de compartilhamento de vídeos permitiu que “brincadeira” que já causou mortes e internações se propagasse livremente. Entenda a prática e fique alerta em relação às crianças e adolescentes

Nylah Anderson, vítima fatal do "desafio do apagão".Créditos: Redes sociais/Reprodução
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A mãe de uma menina de 10 anos que morreu vítima de um “desafio” perigoso que se propaga pelas redes sociais desde o ano passado, nos EUA, está processando o aplicativo de compartilhamento de vídeos TikTok, que como empresa de tecnologia que conecta milhões de pessoas permitiu a difusão da tal “brincadeira” que pode ser mortal.

Nylah Anderson, que vivia na cidade de Chester, na Pensilvânia, viu no TikTok cenas muito populares que mostravam jovens se asfixiando propositalmente até “apagarem”, recobrando os sentidos em seguida. A criança tentou reproduzir o que via e acabou falecendo. O trágico fato ocorreu no final de dezembro de 2021. A referida “brincadeira” é chamada nas redes de “desafio do apagão” (em inglês, “blackout challenge” ou “choking game”).

“Chegou a hora desses desafios perigosos tenham um fim para que outras famílias não tenham que sofrer a mesma devastação que a nossa família sente todos os dias”, disse emocionada e revoltada Tawainna Anderson, mãe de Nylah, em entrevista à rede 6ABC, dos EUA.

Mas o que é o “desafio do apagão”?

Antes de tudo, uma informação deve ser levada em consideração em relação ao “desafio do apagão”. Ele não surgiu recentemente, muito menos por meio do TikTok. O respeitado CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) do governo norte-americano, por meio de relatórios periódicos, mostrou em uma compilação realizada há 14 anos que, entre 1995 e 2008, um total de 82 crianças e adolescentes perderam a vida nos EUA fazendo a tal “brincadeira”. Existem muitos casos registrados também na Europa e em outros continentes e países, como é o caso do Brasil.

No entanto, é inegável que o avanço da tecnologia e a adesão em massa às redes sociais criaram um padrão de difusão de informação jamais vivido antes e práticas estúpidas e perigosas como o tal “desafio” encontraram um terreno fértil para se propagarem.

Sobre o “desafio do apagão” em si, a reportagem da Fórum optou por abordá-la de forma que não seja possível reproduzi-lo, ou seja, explicando algumas ações realizadas, mas sem explicá-las e encadeá-las em ordem, sem detalhes. A decisão tem o intuito de não difundir ainda mais a prática.

O próprio nome dado à "brincadeira" remete ao ato de “apagar”, ou seja, desmaiar. Para isso, é usado um método de asfixia, que pode ser realizado com ou sem algum apetrechos. Normalmente, estão envolvidos alguns movimentos físicos extenuantes, que fazem com que o coração acelere, aumentando a necessidade de respirar.

Como o corte rápido da respiração pode resultar em breves momentos de “euforia”, que repentina e rapidamente podem se converter num colapso e na perda da consciência, os “incentivadores” do “desafio” mostram justamente isso nos vídeos que instigam outros jovens a realizá-lo.

O problema é que é praticamente impossível para quem faz a tal asfixia perceber em que momento deve parar, até porque esse limite varia de uma pessoa para outra. Em poucos segundos, o que era uma “brincadeira” para se tornar “popular” nas redes torna-se uma tragédia, com crianças e adolescentes sendo levadas para os hospitais com paradas cardíacas e sérias lesões cerebrais, para serem colocadas em coma induzido e sob ventilação mecânica. No pior dos cenários, como ocorreu com Nylah, sequer é possível sobreviver.