BUSCA DESESPERADA

O drama das meninas alemãs sequestradas por pais antivacina e levadas ao Paraguai

País sul-americano tem comunidade germânica fundamentalista que nega existência da Covid-19 e tornou-se destino de negacionistas de todo o mundo. Autoridades locais realizam verdadeira caçada para encontrá-las

As meninas raptadas e os responsáveis pelo sequestro..Créditos: Pedro Juan Digital/Reprodução
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Anne Maja Reiniger-Egler e Filip Blank, dois cidadãos alemães, jamais imaginariam que suas vidas se transformariam num drama antes da pandemia. Anne é mãe de Clara Magdalena Egler, de 10 anos, e Filip é pai de Lara Valentina Blank, de 11 anos. Os dois se separaram de seus cônjuges, Andreas Rainer Egler e Anna Maria Egler, respectivamente. Andreas é o pai de Clara Magdalena e Anna Maria é mãe de Lara. Os dois, Andreas e Anna Maria, se conheceram e casaram e a partir dos primeiros momentos após o início da pandemia da Covid-19 passaram a manter um comportamento profundamente negacionista e paranoico em relação à doença, o que se agravou ainda mais com o surgimento das vacinas contra o Sars-Cov-2.

Decididos a não se vacinarem e a levar uma vida “integrada” a uma comunidade fundamentalista que pensa do mesmo jeito, eles pegaram suas filhas, Clara Magdalena e Lara, sem o consentimento de seus antigos companheiros, Anne e Filip, mãe e pai delas, respectivamente, e voaram para o Paraguai, país que mantém vilas e grupos sociais de origem germânica que são absolutamente anticiência e que não acreditam na existência da Covid-19. Isso foi há mais de seis meses, em 27 de novembro de 2021.

Não ficou claro para as autoridades alemãs como Andreas e Anna Maria conseguiram sair do país com suas filhas sem a autorização dos outros responsáveis por elas, o que é obrigatório na Alemanha e cumprido de forma rigorosa pela polícia nos aeroportos. Desde o sequestro, Anne e Filip não têm mais paz e derem início então a uma caçada para recuperar as meninas, com apoio da diplomacia alemã e da polícia paraguaia.

“Supostamente pretendiam morar em alguma comunidade antivacina no interior do país. Eles pertencem a grupos antivacina e que negam a existência de Covid-19”, explicou a Coordenação dos Direitos da Criança do Paraguai, uma ONG que desde o primeiro momento vem auxiliando Anne e Filip na busca incessante por Clara Magdalena e Lara.

As autoridades paraguaias, que já realizaram algumas buscas para encontrar os envolvidos no rapto, teriam, segundo fontes extraoficiais, pistas do casal alemão com as filhas, mas haveria um problema jurídico em relação a como proceder. Processos judiciais abertos nos dois países precisariam ainda ser encerrados para que o fim da história seja feliz, com a devolução das crianças para seus responsáveis legais. Na Alemanha, a Justiça já determinou a suspensão do poder de guarda de Anna Maria em relação a Lara e de Andreas em relação a Clara Magdalena, e emitiu um alerta de prisão contra os dois pelo crime de sequestro de pessoas.

No Paraguai há algum tempo e dando entrevistas durante todos os últimos dias, Anne e Filip esperam agora que as autoridades de lá cumpram a ordem de prisão expedida pela Alemanha e detenham o casal, para que só assim possam voltar para casa com suas filhas.