GOLPE NO BRASIL?

Igor Fuser: “sem apoio dos Estados Unidos, militares não têm como dar golpe no Brasil”

Professor de Relações Internacionais da UFABC diz que governo Biden não tem qualquer interesse em apoiar golpes no Brasil e na América Latina

Alexandre Ramagem, Jair Bolsonaro, William J. Burns, Todd C. Chapman e Augusto Heleno. No destaque, Igor Fuser.Créditos: Reprodução
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Sem apoio do governo dos Estados Unidos não haverá golpe no Brasil. Quem afirma isso é o jornalista e professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, Igor Fuser, que falou ao programa Fórum Café da TV Fórum nesta sexta-feira (6). Ele explicou que, sem apoio dos Estados Unidos, os militares brasileiros não irão se aventurar a tentar um golpe de Estado: “e os Estados Unidos estão claramente apoiando a democracia e as eleições no Brasil”. Para ele, o governo de Joe Biden “não tem interesse em apoiar qualquer golpe na América Latina".

Igor Fuser falou à luz da revelação da agência Reuters, na última quinta-feira (5) de que em julho de 2020, o diretor da CIA, William Burns em visita oficial ao Brasil, defendeu o processo eleitoral no Brasil durante reunião com Jair Bolsonaro e a cúpula de seu governo. “O chefe da CIA sinalizou claramente que não existe espaço para um golpe”, disse Fuser.

O professor indicou que se o governo dos Estados Unidos tivesse Donald Trump como presidente, provavelmente haveria apoio à pretensão golpista de Bolsonaro e haveria também estímulos aos brasileiros: “é muito positivo que seja Biden e não Trump o presidente dos EUA. Apesar de imperialista, Biden é muito diferente de Trump”

Além disso, avaliou Fuser, a política externa do possível terceiro governo Lula não será “antiimperialista” e sim “independente”, sem confrontos político-ideológicos com os Estados Unidos, especialmente com o governo Biden.

Com a repercussão da revelação da Reuters, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price, afirmou também na quinta que os EUA têm “confiança nas instituições democráticas brasileiras” e que o país tem histórico de eleições livres e justas. As declarações foram dadas ao ser questionado, em coletiva na Casa Branca, sobre o encontro Burns-Bolsonaro em 2021: "É claro que eu não vou comentar viagens ou mensagens que o diretor da CIA pode ter feito. O que eu vou dizer é que regularmente nos engajamos com nossos parceiros brasileiros. Nossa conclusão tem sido que, assim como os Estados Unidos, o Brasil é uma democracia forte e ambos temos o compromisso de garantir nossas democracias decididas pelo povo. Temos muita confiança nas instituições democráticas do Brasil".

Veja o trecho da entrevista de Ned Price no qual ele fala da eleição brasileira: 

Price elogiou o processo eleitoral brasileiro na coletiva: "O Brasil tem um forte histórico de eleições livres e justas, com transparência e altos níveis de participação popular. E é importante que os brasileiros, enquanto aguardam ansiosamente suas eleições, tenham confiança em seus sistemas eleitorais e que o Brasil está novamente em posição de demonstrar ao mundo, através dessas eleições, a força duradoura da democracia brasileira", disse.

Assista à entrevista de Igor Fuser: