CRISE

Boris Johnson diz que permanece após renúncia de ministros e funcionários do alto escalão

A oposição, liderada pelo Partido Trabalhista, defende a realização de eleições antecipadas

Boris Johnson diz que permanece após renúncia de ministros e funcionários do alto escalão.
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A permanência de Boris Johnson como primeiro-ministro da Inglaterra está por um fio. Nesta terça-feira (5) dois ministros e 18 funcionários do alto escalão de seu governo anunciaram uma renúncia coletiva e declararam que o PM não é mais digno de permanecer no comando do país. 

Entre as renúncias, destaque para Rishi Sunak, secretário de Finanças, e Rishi Javid, da Saúde. Segundo informações da BBC, a saída destes dois importantes quadros do governo indica que Boris Jonhson não conseguirá permanecer no cargo, ainda que ele diga o contrário. 

As novas renúncias se dão após um funcionário do Partido Conservador que trabalhava no Parlamento inglês em um cargo que se chama “chief whip”, responsável pela disciplina dos parlamentares em votações, Christopher Pincher, ter sido acusado de assédio sexual contra dois homens. Ao ser questionado sobre o caso, Johnson primeiro declarou que não sabia das acusações, mas denúncias que surgiram esta semana indicam que o PM tinha ciência e nada fez. 

Além da renúncia dos ministros das Finanças e Saúde, um dos vice-presidentes do Partido Conservador, Bim Alofami, renunciou ao cargo. Em seguida, quatro parlamentares, Saqib Bhattti, Nicola Richards, Jonathan Gullis e Virginia Crosbie, que tinham cargos no governo, também renunciaram. 

O ministro da Saúde, ao anunciar a sua saída do governo, declarou, a partir de uma nota encaminhada à imprensa, que não poderia permanecer no cargo "em sã consciência e que muitos deputados e a população perderam a confiança na capacidade de Boris de governar de acordo com o interesse nacional. Lamento dizer, mas está claro que está situação não mudará sob a sua liderança - e, portanto, você também perdeu a minha confiança". 

Sunak e Javid foram os ministros que deram suporte a Boris Johnson quando estourou o escândalo do "partygate": festas foram realizadas em Downing Street, sede do governo, no auge da pandemia, quando toda a população do Reino Unido cumpria as regras do lockdown para conter o coronavírus. 

Ao ser questionado pela imprensa se iria renunciar, Boris Johnson negou enfaticamente e afirmou que "em momentos de crise, os líderes trabalham". 

O líder da oposição, o trabalhista Keir Starmer, afirmou que aqueles que permanecem no governo e apoiam o primeiro-ministro "são cúmplices". Starmer defender a realização de eleições antecipadas. Pesquisas locais indicam que, atualmente, o Partido Trabalhista possui vantagem em relação ao Partido Conservador. 

"Depois de todo o desprezo, dos escândalos e do fracasso, está claro que este governo em colapso. Precisamos de um novo começo para o Reino Unido", declarou Keir Starmer. 


"O trabalho de um primeiro-ministro é continuar"

 

A mesma pesquisa que indica vantagem dos trabalhistas em relação aos conservadores, também revela que a maioria dos britânicos querem a saída de Boris Johnson. No entanto, o primeiro-ministro não dá sinais de que isso vai acontecer. 

"O trabalho de um primeiro-ministro em circunstâncias difíceis é continuar. E é isso que vou fazer", disse Boris durante uma sessão de perguntas e respostas no Parlamento realizado nesta quarta-feira (6). 

"Claramente, se houvesse circunstâncias em que eu sentisse que era impossível para o governo cumprir o mandato que nos foi dado, ou se eu sentisse, por exemplo, que estávamos sendo frustrados em nosso desejo de apoiar o povo ucraniano, então eu renunciaria", disse Boris. 

Pesquisa realizada pelo instituto YouGov mostra que 69% dos britânicos querem a renúncia do primeiro-ministro. Entre aqueles que apoiam o Partido Conservador, 54% declaram serem favoráveis a saída de Boris. 

 

 

Com informações da BBC.